Eu não sabia o quanto eu tinha saudades de assistir um filme doido como The Uncle, o drama mais absurdo/f*dedor de cérebros que eu vi esse ano.
O filme parece um filme do início da carreira do Yorgos Lanthimos, quando ele ainda fazia os filmes na Grécia, tipo o Canino.
O filme se passa na Iugoslávia, na década de 1980, onde um casal e seu filho, com muita tensão, terminam de preparar o jantar de Natal especial para o tio do título que vem da Alemanha, onde vive, comemorar com o irmão, a cunhada e seu “sobrinho favorito”.
A tensão existe porque tudo tem que estar perfeito para o visitante, que chega com histórias, lembranças e presentes, como um perfume para a cunhada, uma arma de pressão para o sobrinho e uma câmera VHS onde ele grava algumas coisas “bestas” e já mostra imediatamente como funciona essa nova tecnologia disponível no lado “não comunista” do mundo.
Essa tensão também existe do lado do tio, que se sente incomodado com pequenos detalhes, como por exemplo o suéter que o sobrinho usa, o que acaba se tornando um problema miuito maior do que a gente poderia achar.
Isso se a gente entendesse o problema em si, porque à medida que a ceia vai acontecendo, a nossa percepção vai indo ralo abaixo.
Nada tem lógica, quase nada faz sentido e muito do que a gente vê parece fazer parte de um, sei lá, mundo paralelo, onde nem o surreal fosse possível.
Estranho? Sim, esse é o filme e mais eu não conto da história.
A genialidade sutil dos diretores David Kapac e Andrija Mardesic foi por ter criado um universo totalmente caótico dentro daquela casa de subúrbio comunista, onde nada chamaria a atenção ao menos que nós estivéssemos vivendo um dia de Natal como nenhum outro.
Tensão, caos, nervosismo, dissimulação, tudo isso faz de The Uncle um filme que se o espectador não prestar atenção, não respira.
Quer coisa melhor?
Tem: o final do filme.
NOTA: 1/2