Olha só, parece que temos o primeiro (?) filhote oriental do Woody Allen.
(O primeiro dele com a Soon-Yi?)
Shortcomings é a estreia na direção do ótimo e sempre engraçado Randall Park (de Fresh Off The Boat), que transformou em filme a graphic novel de mesmo nome sobre um chato de galochas.
Só isso seria o suficiente para lembrar dos principais personagens de Allen.
Shortcomings só não é mais woodyalliano porque o dinheiro era mais curto e a possibilidade de um número gigante de personagens ficou focada em 4: Ben, o chato, Alice, a melhor (única) amiga lésbica, Miko, a ex que vai embora pra bem longe e Sasha, a atual/ex também lésbica e que também quer distância do fofo.
Ben é vivido por Justin Min que na melhor das hipóteses, precisa comer muito arroz e feijão pra chegar ao nível das 3 atrizes principais.
Ele é um estudante de cinema que larga tudo e vai ser gerente de um cinema de arte porque ele é “visionário”, acha tudo vendido e mais um monte de coisas bem chatas de adolescentes em um cara de 20 e tantos anos.
Ele só reclama, não apoia ninguém, tanto que a namorada, com quem ele mora, vai embora para um “job” do outro lado do país e tenta sumir de vez.
Ben cola na amiga Alice mas continua só reclamando, principalmente quando ela o leva para festas gays (“quem eu vou beijar lá”).
mas é em uma dessas que conhece Sasha, que acabou de levar um pé da namorada e começa a sair bastante com Ben. Alice o avisa, ele não ouve e quando menos espera leva um susto grande que o faz ir atrás da ex, do outro lado do país, pra ouvir ao vivo um monte de que ele vinha ouvindo pelo telefone.
Isso tudo pra dizer que o foco no homem chato e sem graça, algo que Allen sempre fez e sempre tentou transformar esses caras em galãs ou heróis ou sei lá o quê, desta vez não funciona: a gente continua achando o Ben insuportável.
E este é um dos trunfos de Shortcomings, ao ser um filme mais pé no chão, sem romantizações escrotas.
Randall Park começa muito bem na direção, mostra que estudou pra fazer esse filme, tudo é certinho, caretinha, bem enquadrado, bem dirigidinho, sem abusos nem pro bem nem pro mal, sem ousadias.
Eu acho que o próximo de Park ou vai ser um experimento humano radical ou vai ser o filme mais comercial possível, porque com Shortcomings ele já está no meio do caminho, o que não é em si tão ruim.
NOTA: