Depois de quase 2 semanas só assistindo filmes bizarramente absurdos no Fantasia Festival, ontem eu dei uma parada e assisti um filme amadíssimo e premiadíssimo em Cannes esse ano e digo uma coisa: que bosta voltar ao mundo real do cinema.
Por isso eu falo hoje de um dos meus preferidos do Festival e já um dos meus preferidos de 2023, Hundreds of Beavers.
Faz dias que eu vi esse filme e não consigo parar de pensar nele como uma versão estupidamente bizarra de um desenho do papa léguas na “vida real”. Aspas gigantescas, claro.
Hundreds of Beavers tem a melhor mistura de live action com animação que vi recentemente pra contar a história de um cara, Jean Kayak, no século XIX, meio que perdido por uma floresta em um inverno pesadíssimo, tentando caçar castores, os beavers do título, para ser o maior vendedor de pele de castor possível.
O que ele nnao contava era que os castores e os passarinhos, e os pica paus, e tudo quanto é bicho possível que existe naquela floresta, todos eles são mais espertos e inteligentes que o próprio Jean.
E mais esperto e inteligente que todo mundo é o diretor Mike Cheslik, o cara que não só escreveu um roteiro engraçadíssimo, cheio de piadas estúpidas que funcionam muito por seu humor físico (e estúpido), onde ele transforma esses animais em bichos de pelúcia gigantes.
Quer dizer, os bichos da floresta são vividos por pessoas vestindo fantasias toscas.
Ou são animações lindas e muito eficientes.
Tirando toda e qualquer realidade de sua história e colocando o caçador e suas presas em um mundo invertido onde é o dia da caça. E o outra é o da pesca.
Quase que literalmente.
Hundreds of Beavers é uma das comédias mais violentas e cheias de morte dos últimos tempos mas é tudo engraçado. Como um desenho do papa léguas mesmo, onde um bigorna pode cair na cabeça de alguém e no próximo quadro esse alguém já está de pé só com uns passarinhos voando em volta de sua cabeça e no máximo com um olho roxo.
O único problema de Hundreds of Beavers é que ele acaba. Nem tão rápido, mas acaba.
Só espero que alguém dê rios de dinheiro para o diretor para que ele faça uma saga infinita com seus bichinhos quase fofinhos.
NOTA: