Parece que a diretora Mary Harron tem uma obsessão: filmar biografias de artistas fodões a partir de histórias de seus assistentes.
Foi assim em I Shot Andy Warhol e é agora de novo nessa bobagem chamada Daliland, onde uma fase da carreira do maior de todos Salvador Dali, quando ele vivia um momento de “baixa” em Nova York, é contada a partir de James, que ele chamava de San Sebastian, um assistente da galeria que representava o espanhol e que por ser lindo, como diziam, entrou para o círculo íntimo do gênio do surrealismo.
Dali é (óbvio) vivido pelo inglês Ben Kingsley que começou como Gandhi e não para.
Gala, a melhor personagem do filme, musa inspiradora/esposa/mãe/chefona de Dali é vivida brilhantemente pela musa Barbara Sukowa.
E tem ainda Amanda Lear (Andrea Pejic), Ginesta (Suki Waterhouse), Alice Cooper (Mark McKenna) e mais uma infinidade de personagens que a gente conhece das lendárias festas que Dali fazia em Nova York.
O filme começa com a passagem de Dali pela televisão e eu coloco aqui abaixo a aparição original, onde pessoas precisam adivinhar quem é o convidado que só pode responder sim ou não aos famosos vendados. Clássico:
Como todo filme de Harron, falta em Daliland alma, tudo parece que é fotografado de longe, tudo parece “posado” para as câmeras.
Sim, ela dirigiu o maravilhoso Psicopata Americano, mas eu acho que foi um engano em sua trajetória mediana. Um engano ótimo.
A fotografia do filme é toda branca, sem contrastes nem profundidades, tudo parece acontecer sem que tenhamos que gostar do que vemos. Mesmo que eu quisesse gostar, não consegui.
Tudo é dramático mas não o suficiente.
Tudo é ensaiadinho mas mais que o sufi9ciente, transformando todos esses personagens em caricaturas do que deveriam ter sido na verdade.
Sou super fã de Dali e não fiquei emocionado com nenhuma cena, com nenhum (não) detalhe do filme, por exemplo, ver ao fundo quadros sendo criados e mesmo assim reconhecíveis.
MAs nada é pior do que os flashbacks horrorosos onde Dali jovem é vivido pelo LIXO Ezra Miller onde o Dali velho de Kingsley passeia pelas cenas.
Sério? Ainda isso?
Melhor que o filme inteiro é essa foto original de Dali com Alice Cooper na festa mostrada no filme num relance ridículo.
NOTA: