A Netflix erra bem mas a gente tem que dar o braço a torcer que quando ela acerta, sai da frente.
1976 é um filme maravilhoso.
Roteiro criativo, super bem escrito baseado em um fato real que aconteceu na ditadura do sanguinário pedófilo Pinochet no Chile.
Carmen é uma mulher de classe média que via as barbáries que aconteciam ao seu redor meio que de luneta, quer dizer, sem nunca ter que lidar com nada próximo a ela.
Até que ela viaja em um final de semana para a praia com seus netos e o padre local seu conhecido, pede para que ela o ajude cuidar de um jovem ferido a quem ele está dando abrigo.
Escondido.
Bem escondido.
Carmen aceita na hora e sua vida vira de cabeça pra baixo para conseguir lidar com as férias em família, que continuam acontecendo em sua casa, e com a assistência que ela dá ao jovem baleado, que está em péssimas condições.
Além de visitá-lo todo dia e cuidar de seus ferimentos dos tiros que levou, ou por isso, Carmen vai até o hospital que o marido trabalha pedir medicamentos, inventando que seu cachorro precisa de antibióticos e mais coisas para que não morra.
Ah, o cachorro é grande.
Muito bom.
Esses detalhes bons fazem a diferença em um roteiro que parece quase o de um draminha bobo de uma dona de casa que precisa resolver os probleminhas do dia a dia.
A diretora Manuela Martelli se mostra bem inteligente nas escolhas de fotografia e direção de arte para ajudar a contar sua história.
E a direção de elenco é um primor, fazendo com que a gente não só acredite em tudo o que vemos mas também que a gente sofra com os acontecimentos daquela época que ninguém tem saudade.
NOTA: 1/2