Durante uma pesquisa bem específica e quase bizarra que fazia ontem para um trabalho, me deparei com um documentário de 2013 que eu nunca tinha visto nem ouvido falar.
O filme é sobre uma babá, a Vivian Maier do título, que viveu nos EUA, trabalhou com várias famílias por décadas cuidando de seus filhos pequenos.
Acontece que o diretor do documentário, Charlie Siskel, comprou em uma daquelas vendas de galpões largados por seus donos, caixas e caixas de negativos de fotografias e filmes Super 8 e 16mm, porque estava fazendo uma pesquisa sobre Chicago dos anos 1960.
Ao levar pra casa ele descobre que tem em mãos o trabalho de uma fotógrafa extremamente talentosa.
O que fazer numa hora de descoberta dessas?
Ele foi ao Google e ao digitar Vivian Maier, nada apareceu.
Zero. Absolutamente nada.
A luzinha acendeu na cabeça de Siskel que começou uma busca sobre quem seria essa tal Vivian Maier.
O primeiro choque que teve foi descobrir que ela era uma babá francesa.
Encontrou famílias onde ela trabalhou e a conclusão foi unânime: Vivian era uma ótima babá e uma mulher muito excêntrica.
Muito.
Demais até.
A ponto de me deixar de queixo caído assistindo o filme e vendo um novelo de lã e de surpresas e algumas bizarrices aparecendo na minha frente.
Se eu assistisse uma ficção com a história parecida com a dessa mulher eu ia dizer “gente, quem é esse roteirista insano que criou isso tudo?”.
Vivian era babá e sempre tirava fotos pelas ruas onde levava as crianças para um rolezinho.
Só que ao invés dela ir ao parque, ela ia pro centro da cidade onde morava e se embrenhava por tudo quanto é canto, sempre com as crianças sob seus cuidados.
E para Vivian qualquer canto não tinha limites.
Sempre atrás de uma boa imagem, ela andava e andava e fuçava e fotografava.
Ela deixou caixas e mais caixas de negativos revelados, de filmes a serem revelados, de anotações, de recibos, de papeizinhos, resumindo bem por cima, além de tudo Vivian Maier era uma acumuladora.
A conclusão que eu cheguei é que como ela não tinha casa, morava sempre com as famílias pra quem trabalhava, ela queria ter tudo dela, toda sua história, com ela.
Mas isso não é tudo.
Quanto mais pesquisou e fuçou e esmiuçou, mais o diretor achou e daí foi mais atrás e achava mais e ia atrás e foi lindo.
Finding Vivian Maier é um absurdo de bom.
Não só pelo filme em si mas muito pela veia investigativa do diretor, de como ele se embrenhou pela vida da babá e de como ele se tornou tão íntimo de uma pessoa com o detalhe dela já estar morta.
NOTA: 1/2