Se Donnie Darko não existisse, Linoleum seria um grande filme.
Na verdade Linoleum é um grande filme, só que deixa um retro-gosto de já visto, aquele gostinho na garganta quando a gente come um doce com caramelo queimado, sabe.
O filme conta a história de Cameron, um apresentador de programa infantil de ciências, cujo sonho sempre foi ser astronauta.
Nunca conseguiu.
E como dizia seu pai, “na vida existem 2 tipos de pessoas, os astronautas e os astrônomos”.
Cameron é astrônomo, casado com Erin, também cientista, cansada da vida fracassada com o marido que não deslancha na carreira, que tem um programa infantil que vai ao ar a meia noite durante a semana, que tem uma filha revoltadinha e um filho que entra mudo e sai calado.
Cameron tenta ir pro espaço, seja mandando cartas para a Nasa constantemente, seja construindo seu próprio foguete.
Foguete aliás que ele constrói com restos de uma cápsula que cai no quintal de sua casa (oi Donnie Darko!).
Além de tudo ele tem uma vizinha velha estranha (oi DD), tem outro vizinho que é ele mesmo com pinta de bem sucedido que rouba seu lugar de apresentador e muito mais.
O filme começa com esse emaranhado de informações e de histórias que vão se entre cruzando para que de repente o sentido dessas histórias seja algo bem diferente do que esperávamos.
Graças a ousadia do diretor Colin West, que faz seu espectador de bobo, no melhor sentido, para quando a gente estiver bem desarmado, ele nos entregar um roteiro quase pirotécnico, muito surpreendente, fazendo de Linoleum uma fantasia quase surreal.
Surreal não, delirante.
E delírio maior é graças ao ótimo Jim Gaffigan, o Cameron e seu vizinho bem sucedido, que nos faz acreditar que o sonhador é sempre alguém a ser admirado.
Se eu fosse um programador de cinema, eu faria uma sessão dupla com Donnie Darko e Linoleum na sequência, acho que a brincadeira daria muito certo.
NOTA: