Le Bleu Du Caftan (O Azul do Caftan) é um filme que entrou no meu radar uns meses atrás porque li que era uma pérola gay.
E só.
O filme marroquino, escrito e dirigido pela (agora) minha ídola Maryam Touzani é mais que uma pérola, é uma joia rara.
O filme conta a história de Halim, um alfaiate super tradicional marroquino, que costura todas as suas criações à mão, um artesão procurado por muitas mulheres atrás de um caftan único e exclusivo.
Ele é casado com Mina, uma mulher forte que cuida de sua loja enquanto ele se dedica ao seu ofício, sua arte.
Mina está com uma doença terminal e tenta não “atrapalhar” o trabalho de Halim ao mesmo tempo que torce pra que ele chegue em casa logo, coma com ela, converse, faça amor.
Mas Halim fica na loja trabalhando o máximo possível e ainda vai a sauna sempre que pode.
Halim é gay, enrustido, claro, e leva essa sua outra vida sofrendo.
Até que começa a trabalhar com ele um aprendiz talentoso, Youssef que, olha só, também é gay e aos poucos os 2 vão quase se aproximando ao mesmo tempo que Halim respeita muito sua esposa e seu casamento.
O que a diretora Maryam faz com suas personagens é coisa de Mestra com M maiúsculo.
Lubna Azabal que vive a esposa e Saleh Bakri que vive o marido são os melhores receptáculos que esses personagens poderiam ter.
O que esses atores fazem não está escrito.
A tristeza de morte de Mina, sofrendo calada, não querendo incomodar o marido ao mesmo tempo que sabe que ele tem alguma coisa de “diferente” e ela tenta se fazer entender e aceitar, é de se aplaudir de pé.
Já Haliim, com sua tristeza de vida, por ter que viver no armário e também não querendo incomodar ou prejudicar ou ferir sua esposa moribunda é de cortar o coração.
Todo amor que Halim não pode dar à esposa ele coloca em suas criações, no seu bordado de ouro no tecido azul que se confunde com o azul de seus olhos que de vez em quando brilham como os fios que ele trata como não trata nem a si mesmo.
NOTA: 1/2