Uma vez em Cannes eu fiquei em choque quando no meio da coletiva de algum de seus filmes, os irmãos Dardenne disseram que ao criarem os personagens de seus filmes, eles aproximam as câmeras de seus (não) atores e esperam que eles encontram seus animais interiores.
Em Tori e Lokita eles conseguem de novo.
O drama conta a história de 2 refugiados africanos, de 12 e 17 anos, que tentam desesperadamente conseguir seus documentos para poderem morar e trabalhar na Bélgica e com o dinheiro eles precisam sobreviver, pagar os contrabandistas que os levaram para a Europa e ainda mandar dinheiro para suas famílias nos Camarões.
Enquanto eles não conseguem os papéis eles trabalham para Betim, um traficante que usa um restaurante de fachada para vender drogas pelas mãos de 2 crianças desesperadas.
O nível de drama e desespero nos filmes dos Dardenne é sempre muito alto e em Tori e Lokita não é diferente.
As crianças nos entregam tudo o que a gente espera de um filme dos belgas e mais uma vez os caras surpreendem com histórias até “banais”, infelizmente, mas que são contadas com maestria, delicadeza e potência únicas.
NOTA: