O tailandês Fome de Sucesso é o novo filme queridinho da Netflix.
Ele é tão, mas tão bem dirigido que dá vontade de dar todas as claquetes de nota mais alta, de chamar de filmão mas calma lá.
Fome de Sucesso é tão rasinho, tão óbvio e conta uma história tão boba que eu acho mais fácil chamar de decepção.
Meio mundo tem dito que o filme é o Parasita tailandês, o Parasita do mundo culinário.
Quem dera.
Da mesma forma que um dia disseram que o lixo Nova Ordem era o Parasita mexicano, o povo perde a mão nas comparações.
Fome de Sucesso conta a história óbvia, batida e nada especial da menina pobre, que cuida da família e que de repente é descoberta por um dom extraordinário que a leva às altas rodas, que lhe apresenta a fama, o sucesso e o dinheiro mas que como ela é boa, isso vai incomodá-la a ponto dela tomar medidas drásticas.
Não, isso não é um spoiler, não se preocupe, essa é a história de sempre contada em milhares de filmes ao redor do mundo.
A importância de um filme desses nos dias de hoje está na escolha do diretor de deixar a tecnologia, as redes sociais em terceiro plano, servindo nem como escada de roteiro, ou desculpa.
Tudo acontece “no ao vivo”. Ponto positivo.
E o maior ponto positivo vem da própria direção: Sitisiri Mongkolsiri sabe filmar e filma bem, além de dirigir bem seu elenco.
Mas a falta de uma história decente foi me deixando mais e mais decepcionado pelo filme.
Quanto mais o tempo passava, e olha que demora porque o filme miseravelmente tem mais de 2 horas, mais eu ia adivinhando e acertando na mosca os passos das personagens principais, às vezes até falas que eram ditas no filme.
E eu digo isso não para me “mostrar” mas para dizer da obviedade mesmo.
Nada no filme é novo mas tudo no filme tem cara de novo, tem cara de novidade, tem cara de filme bem feito com muito dinheiro.
E infelizmente eu queria ficar mais animado com a história de Aoy, a cozinheira do boteco da periferia de sua família que é descoberta por um cozinheiro que trabalha para um chef super famoso.
E chef super famoso aí vem a tal da crítica social do filme: ela vindo do subúrbio, cozinhando com o coração entra no mundo do chef rico e famoso que diz exatamente que não se deve cozinhar com o coração.
Jura? Juro. Tem no filme, o chef famoso fala isso.
Apesar de todos os outros pesares do filme, que são tantos, até sequências sem pé nem cabeça que vão servir para algum desenrolar mais à frente no filme, eu gostei de Fome de Sucesso.
Gostei porque sou viciado em filmes e programas de culinária, gostei porque Aoy é vivida pela ótima Chutimon Chuengcharoensukying, gostei do diretor competente e gostei do dinheiro bem gasto e as mais de 2 horas de duração não foram um sufoco pra mim.
Mas para um filme desses que usa dicotomias )ricoXpobre, sofisticaçãoXsimplicidade, coraçãoXsem coração) para temperar uma história fraquinha, faltou o principal: sal.
E nada pior que comida sem sal.
NOTA: