Eismayer é um sub tenente do exército austríaco, daqueles que dão aulas a recrutas e que acabam com a vida dos moleques.
Eismayer é o cara com mais lendas a seu respeito no exército, do tipo de uma vez que ele matou um recruta por obrigar que o cara fizesse exercícios sem parar embaixo do chuveiro quente e frio e quente e frio até que ele morreu de hipotermia.
Outra lenda é que Eismayer é gay e pra você não sofrer na mão do cara só se ele gostar de transar com você.
Eismayer é casado, tem filho, é o típico macho militar, cara de mal, em dó nem piedade, o tipo de cara que os superiores adoram porque podem passar por bonzinhos tendo um animal desses no comando.
O que os superiores não sabem, nem ninguém, nem sua própria esposa, é que Eismayer sim é gay e essa é uma história real.
O filme do diretor David Wagner conta da melhor forma possível a história incrível de quando Eismayer se separou da esposa, contou pra ela que era gay, se apaixonou por um recruta e largou a vida de transar com desconhecidos na rua.
Eismayer, o filme, diferente de outros filmes que também se passam em ambientes militares, tem outro tipo de fetiche cinematográfico: o do distanciamento, do “discreto”, do perdido.
A vida de merda que o tenente Eismayer leva é exatamente por ter sempre estado no armário, desde que sua mãe mandou que de lá ele não saísse.
Essa vida é a prova de que quanto mais o homem gay se esconde, mais ele é atormentado por seus próprios demônios. Quanto mais ele transa na rua, mais ele sofre em casa, até que um dia ele explode.
Eismayer é a prova via disso, em um roteiro que cria um personagem principal que nos encanta apesar de todos os pesares possíveis.
Eismayer é vivido pelo ótimo Gerhard Liebmann, um ator que vai do 0 ao 100 em um estalar de dedos do diretor, que entrega o que lhe é pedido e que nos faz acreditar que ele é um lixo de pessoa a ponto de ser acusado de todo tipo de escrotidão e preconceito possível.
Não é qualquer um que consegue tanto, o que faz de Eismayer imperdível.
NOTA: