Uns anos atrás começaram falar de um novo horror e não rolou, tanto que nem lembro o termo usado dada tamanha pretensão da história toda.
Mas hoje eu tenho certeza de que existem 2 divisões no horror produzido nesta década, o horror de dar medo de verdade e o horror pop, que tem muito de comédia, romance, drama E TAMBÉM horror.
O australiano Sissy, queridinho do SXSW, pertence a segunda categoria.
E digo mais, Sissy é meio que uma prima distante que nasceu quase na mesma hora de um dos queridinhos da A24, que eu não gostei, Morte, Morte, Morte.
A diferença é a básica do Hitchcock: no indie americano a gente não sabe quem mata as amigues no final de semana na casa de campo, o famoso “whodunit”, quando a gente tem que ficar adivinhando o assassino.
Em Sissy, é a própria do título, não tem suspense, a gente só tem que sentir.
Ou melhor, Cecilia, vivida pela ótimo Aisha Dee, uma influencer com mais de 200K de seguidores no Instagram onde ela os ajuda com dicas de como viver melhor, como uma psicóloga truqueira.
Ela encontra por acaso Emma, sua amiga de infância que ela não vê há quase 20 anos que a convida para passar o final de semana na casa de praia com outras conhecidas.
Ao chegar lá Sissy descobre que a dona da casa é Alex, outra amiga de infância que tem medo até de olhar para Sissy.
E a baixaria começa: mortes boas, ideias despretensiosas, clima de festa hipster, sangue dos bons e gente dissimulada. Precisa mais?
O legal do roteiro é que a gente tem uma pequena dúvida em relação a fofa da Sissy que se esvai rapidinho. Além disso, o que vemos em relação a garotada de hoje em dia, de como elas lidam com fama, cancelamento, amizade, o “eu te amo” tão frívolo, tudo isso é contado de uma maneira extremamente inteligente , com diálogos afiados na boca de um elenco acima do normal para um filme desses, que é um indiezinho australiano dos bons.
NOTA: