O mundo inteiro está detonando O Filho, o segundo filme do francês Florian Zeller, diretor de teatro bem famoso e poderoso que estreou muito bem com, adivinha, Meu Pai em 2021.
Que é um ótimo filme, com a dupla poderosa Hopkins/Olivia Colman num jogo de loucura e poder bem contido onde o pai com demência tenta prevalecer sobre a filha que tem que cuidar dele.
Do pai o diretor foi pro filho e, quem sabe, seu próximo filme se chamará O Espírito Santo.
Se é que vai ter próximo filme porque este filho deveria ter ficado nos palcos da vida.
Diferentemente da estreia, Zeller errou feio no filme novo, contando uma história sem graça, óbvia demais e totalmente despropositada para o cinema dos dias de hoje.
Um pai muito bem sucedido (um Hugh Jackman feio demais, com cara de emburrado o tempo todo), precisa lidar com problemas sérios de seu filho adolescente depois que ele o largou às moscas com a mãe.
O pai conheceu uma mulher mais jovem lindíssima (a mais linda mesmo Vanessa Kirby), abandonou a antiga família, tem um filho novo e agora resolve se reconectar com o mais velho que briga com a mãe, não frequenta a escola e se corta muito nos braços.
Não, nada vai ser diferente do que a gente já tenha visto em 500 filmes com o mesmo tema antes.
A única coisa diferente é que este O Filho funcionaria mais como uma peça, em um teatro pequeno, onde teria meia sala cheia todos os dias e que depois de alguns meses sairia de cartaz para o esquecimento geral da nação.
Zeller, desde O Pai, parece que parou de assistir filmes e não soube muito o que fazer desta vez, além de gastar bem o dinheiro com elenco porque além do casal principal ainda tem Laura Dern como a mãe desesperada e de novo o grande Anthony Hopkins numa ponta crucial como o pai horroroso de Jackman.
O que me deixa chocado é a cara de pau de lançarem um filme desses em pleno 2023 onde o principal filme da época seja uma revolução como Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo.
O Filho parece um filme ruim de 1940, sério.
Ou melhor, parece uma peça ruim de 1940: sem propósito, sem brilho algum e o pior, cheio de pretensão.
NOTA: 1/2