Ginani Amelio, diretor de O Senhor das Formigas, tem um nome bem considerado no cinema italiano.
Mas quando fui lembrar de seus filmes, cheguei a conclusão que nenhum dos tantos que ele já lançou é um filmão.
O Senhor das Formigas é mais um desses.
Ao contar a história do poeta, dramaturgo gay Aldo Braibanti, preso em 1968 exatamente por ser gay por um sistema jurídico fascista em vigor na Itália, Amelio perdeu a oportunidade de fazer um filme politicamente bertolucciano e se contentou em contar uma versão novelesca do drama todo.
Mesmo tendo focado a história através dos olhos de um jornalista combativo, que acabou sofrendo censura e muitos outros tipos de abuso à época, Amelio não foi tão feliz.
O Senhor das Formigas começa bonito, começa interessante nos mostrando o quanto Braibanti ser ousado e liberado mesmo para o ano do verão do amor, da explosão da contracultura política francesa.
Ele tinha ideias muito além de seu tempo, tentou viver sob uma filosofia própria e foi pego literalmente de calças curtas sem a menor chance de se defender, já que todo o sistema estava absolutamente infectado pelo vírus (ainda) da extrema direita.
Mais uma vez os italianos perdem a chance de contar uma história de um ícone LGBTQ de forma pelo menos razoável e nos entregam um filme preguiçoso, metódico, previsível e o pior de tudo, sem graça.
Tem gente que não aprende.
NOTA: 1/2