Filme novo com o Eddie Murphy, um dos maiores de todos, a gente para tudo e vai assistir, certo?
Certo.
Mas no caso de Certas Pessoas, o novo filme do Eddie Murphy que acabou de estrear na Netflix, conselho, pule.
Os caras conseguiram fazer uma pseudo comédia romântica onde Murphy é o pai da noiva mais ranzinza e, desculpe, SEM GRAÇA da história.
Os caras fizeram um filme onde o Eddie Murphy tá sem graça. Onde Eddie Murphy, um dos caras mais engraçados da história, um dos melhores contadores de piadas de todos, com sua vozinha e sua risada maravilhosa, tá sem graça.
E quando digo os caras, a culpa é do Jonah Hill e do Kenya Barris, que escreveram essa atrocidade, arrumaram muito dinheiro, conseguiram um elenco maravilhoso que vai da Julia Louis-Dreyfus (como a mãe do noivo) e David Duchovny (o pai do noivo) à maravilhosa Lauren London de noiva, Nia Long de mãe da noiva e uma coleção de estrelas em papeis pequenos bem pequenos.
Ah, o Jonah Hill, um ator que eu não entendo como tem todo o poder que tem, é o noivo desta, de novo, pseudo comédia sem graça que aos poucos vai se tornando um panfleto sobre ideias preconcebidas e preconceituosas sobre um judeu classe média bem sem graça que conhece e se apaixona por uma negra maravilhosa de 30 e poucos anos.
Quando eles resolvem viver juntos, precisam conhecer suas famílias e aí começa o horror.
O filme passa a próxima hora e meia destilando preconceito, com a ideia de mostrar que “certas pessoas” vivem tão fechadas em seus mundinhos que precisam aprender a entender “certas pessoas”.
Lembre-se, estamos falando de judeus e negros que vivem confortavelmente nos EUA.
O filme é triste demais, quase vergonhoso.
Kenya Barris é um famosão da televisão americana que explodiu quando criou America’s Next Top Model com a Tyra Banks e de lá pra cá ficou milionário com muito roteiro de “programas negros” como um dos meus preferidos “Blackish“, que fala exatamente da mesma coisa, uma família de classe média alta negra que vive em meio a famílias brancas de classe média alta e são considerados muito pretos pros brancos e menos pretos pros antigos amigos pretos.
O termo “blackish” quer dizer exatamente isso, algo como “quase preto”.
Barris se juntou a Jonah Hill e escreveram esse roteiro que mais parece um panfleto de escola fundamental mal escrito pelo pedagogo de plantão para mostrar em uma aula de Educação Moral e Cívica.
Ah, a comédia romântica, quase esqueci.
É ruim. Apesar de Hill se mostrar melhor do que eu esperava como ator, apesar de terem uma explosiva Lauren London, nada funciona. O casal parece constrangido de estar namorando.
Em um filme de quase duas horas, o casal dá 2 selinhos.
2!
Eles se beijam no rosto, na testa, se abraçam fraternalmente, dormem de roupa e estão sempre muito bem vestidos (coisa de Kenya Barris também, que adora ostentar seu amor por marcar e tênis caros).
Que desperdício.
Que tistreza.
NOTA: 1/2