Essa semana eu falei de To Leslie, filme maravilhoso estrelado pela maravilhosa Andrea Riseborough, com uma torcida forte por sua indicação ao Oscar de melhor atriz, inclusive com campanha forte de várias atrizes de peso, como a Cate Blanchett.
Outro filme na mesma linha de prestígio, de tamanho e de adoração pela atriz principal é A Love Song.
O filme é mais um indiezinho pequenininho e maravilhoso demais.
História de Faye, uma mulher independente, forte, surpreendente, que está com seu trailer em um lugar lindo, estacionada esperando um encontro com um homem que ela conheceu décadas atrás com quem ela marcou um encontro naquelas décadas atrás.
Desde então eles nunca mais se viram e se falam esporadicamente por cartas.
Numa dessas cartas ele confirmou que iria encontrá-la e lá está Faye esperando o talvez, quem sabe, amor de sua vida.
Faye é vivida pela grande Dale Dickey, uma “atriz de atrizes”, aquela atriz que é admirada por todas as atrizes possíveis, das maiores às novatas.
Uma atriz que já fez muito filme, muito teatro, muito tudo, que a gente está cansado de vê-la, mas não tem certeza de quem ela é.
Bom, Dale Dickey é foda demais.
E sua Faye é uma das personagens mais incríveis dos últimos tempos.
Principalmente porque nem a Dale real nem a Faye do filme são mulheres que a gente espera que sejam tão fortes e invejáveis até.
O filme de Max Walker-Silverman joga na nossa cara uma poesia inesperada em uma paisagem árida, apesar de linda, através de uma mulher peculiar, apesar de linda também.
A Love Song, uma canção de amor, é tudo o que Faye espera desse encontro tão aguardado e tão inesperado.
Parece que Faye vai se descobrindo à medida que nós vamos descobrindo essa mulher também.
Walker-Silverman trabalha com tanta sutileza que nem parece que A Love Song é um filme, nem parece que teve ensaio, nem parece que tudo aquilo não existiu na vida real.
Isso tudo sem também parecer que é um documentário.
O universo onde habita Faye é único.
Seu trailer é gigante, seu coração é maior ainda e sua presença em tela é algo comparável a própria Blanchett em Tar, a de Andrea em To Leslie e a de Michelle Yeoh em TMTETL.
Mas as premiações querem números, roupas deslumbrantes e atrizes lindas.
Se quisessem atuações únicas, atrizes de verdade, filmes maravilhosos, tenho certeza que as Andreas e as Dale Dickies da vida estariam brilhando sempre.
NOTA: 1/2