Enrolei meses pra assistir O Território, não me pergunte o porquê, mas quando terminei de ver ontem eu fiquei aliviado pensando que se tivesse assistido este documentário quando o presidente do Brasil era o fascista, eu teria me acabado de chorar.
O filme conta a história da luta diária, incansável e por vezes desesperadora dos indígenas Uru-eu-wau-wau.
O filme começa quando Bolsonaro estava prestes a ser presidente e o desespero cresce entre as lideranças do povo indígena e de seus aliados.
Nos 3 anos que o filme é rodado, vemos a criação de uma força de proteção própria dos Uru-eu-wau-wau já que a Funai está agora nas mãos dos aliados dos grileiros e madeireiros.
A tristeza de O Território é gigante, algo que há tempos eu não via em um documentário.
E sua grandeza é patente porque o filme foi realizado e filmado em sua maior parte pelos próprios indígenas e por isso vemos de perto a vida deste povo que foi foi gigantesco, considerado um povo isolado que com o contato com o branco, foi sendo dizimado primeiro com as doenças, com as trocas de presentes, como diz o pajé e depois com a chegada dos invasores assassinos.
O que assistimos em O Território é não só absolutamente inédito mas também algo que não vemos nos noticiários nem nos programas de televisão.
A luta indígena brasileira é maior, mais poderosa e mais problemática do que a gente acha que conhece.
O sucesso de O Território pelo mundo se deve claramente por todos os seus adjetivos cinematográficos, que são muitos, mas também pelo absurdo do que vemos no filme, pelo descaso, pelo abandono que o povo Uru-eu-wau-wau passou nos últimos 3 anos.
O Território concorre a uma vaga ao Oscar de melhor documentário e deveria estar lá entre os 5 principais filmes do ano por tudo isso, por ser ousado, por ser importante, por ser um documento fundamental sobre os Uru-eu-wau-wau, uma das etnias brasileiras mais importantes, com uma história de séculos de sobrevivência que não pode terminar da maneira trágica, o mesmo fim que tantas outras etnias tiveram nas últimas décadas.
NOTA: 1/2