Mais ou menos 6 meses atrás eu assisti Masking Threshold no Fantastic Fest, um filme bem doidão que vinha fazendo a ronda dos festivais internacionais sempre deixando a melhor das impressões por onde passava.
O que foi o meu caso.
Saí correndo pra tentar falar com o diretor Johannes Grenzfurthner e desde então estamos ensaiando um papo via Zoom que logo acontece e eu logo posto aqui, como logo posto a resenha de seu mais recente filme, o absurdo Razzennest.
Mas falemos de Masking Threshold.
O filme é uma surpresa inacreditável, talvez a maior surpresa do ano.
Grenzfurthner é o diretor mais inventivo, ousado dos últimos tempos, um cara que por causa de seu background nas artes plásticas, não tem medo de perverter o cinema, de levar sua experiência a outros níveis levando seu espectador junto.
Não podemos querer nada melhor que isso.
Aqui ele conta a história de um cara que está à beira da loucura por causa de um zumbido nos ouvidos.
Ele trabalha com informação, adora um excel mas tem um lado obsessivo que acaba sendo quase artístico aos nossos olhos incautos.
O cara monta um laboratório no porão de sua casa e o que nós vemos são as experimentações e a documentação desses experimentos, que vai contando sua história e aos poucos vai nos mostrando detalhes cada vez mais escabrosos do figura e nos deixando cada vez mais de boca aberto até que nosso queixo cai de vez no chão.
Tudo em Masking Threshold é detalhadamente pensado e arquitetado e filmado para incomodar o espectador.
Eu fiquei o tempo inteiro achando que estava assistindo um filme de serial killer, de tão obsessivo que é o protagonista que não tem nome, nem história e nem um futuro tão decente.
Quer dizer, nada no filme é decente.
Masking Threshold é macabro, bem dark e a construção do filme através das decisões fílmicas do diretor Grenzfurthner, além de me deixar de queixo caído me fez um fã de carteirinha do cara.
O filme é um pesadelo sensorial do nível de Pi e de Viagens Alucinantes. Assistir é uma experiência única, não só pelo estilo do filme aliado ao roteiro surpreendente mas também pelo caminho tortuoso que nós percorremos para chegarmos ao final mais surpreendente de um horror do ano.
NOTA: