O filme ucraniano Klondike se passa no início da invasão da Rússia a Ucrânia onde uma família vive bem na fronteira dos 2 países.
Eles têm sua casa bombardeada e ficam expostos ao mundo.
E apesar dos pesares precisam continuar a viver seu dia a dia, mesmo porque Irka está grávida, prestes a parir.
O que poderia ser um drama de tristeza, Klondike é uma comédia de erros que por vezes beira o drama, por outras fica à beira do horror, mas sempre à beira do desespero.
Isso tudo faz de Klondike um filme único, sobre os horrores da guerra sob o ponto de vista de quem sofre de verdade, a população civil, aqui no macrocosmo de um casal que vive no meio do nada, infelizmente para eles, um nada que fica no centro do início dos combates.
Klondike não é sobre os poderosos que ficam atrás de suas mesas (com o cu na mão, como já disse Renato Russo) resolvendo quem vai matar e quem vai morrer.
Também não é sobre os soldados que dão suas caras à tapa e colocam suas vidas em risco porque mandaram e eles não podem não obedecer.
É sobre a mulher grávida e seu marido, prestes a terem um bebê, sobre sua vaca, sobre suas galinhas e sobre os vizinhos que começam a mostrar quem são, quando o desespero chega.
O sucesso de Klondike se deve 100% à sua roteirista e diretora Maryna Er Gorbach que não só criou um universo totalmente particular para contar sua história quase surreal, mas que fez com que todos nós consigamos entender o que se passa porque estamos assistindo ao vivo os horrores desta mesma guerra.
Nunca foi tão fácil, aliás, entender um filme desses e perceber o quanto o nosso entendimento sobre um caos desses é absolutamente subjetivo, porque por mais real e imediato o que assistimos sobre a Ucrânia bombardeada, Klondike nos mostra os possíveis sentimentos de gente como a gente.
Perfeito.
NOTA: