O italiano Piccolo Corpo, Corpo Pequeno, é uma das melhores surpresas de 2022.
O novo filme da diretora Laura Samani é daqueles que eu tanto amo, com uma história quase banal, mas cheia de significados e possibilidades que vão do mais “pé no chão” ao extremo metafísico.
No início dos anos 1900, no meio do nada da Itália, Agata precisa literalmente atravessar mares e montanhas, lutar, fugir e resistir a muitos percalços para conseguir dar um nome, abençoar a alma de sua filha que nasceu morta.
Ela não se conforme com a possibilidade de sua nenê ter que passar a eternidade no limbo e para isso, no meio da noite, ela desenterra o caixãozinho, veste como uma mochila e vai para o alto de uma montanha onde vivem umas religiosas que conseguem dar um último sopro de vida aos mortos para que eles sejam batizados.
A diretora Samani conta essa história de perto, nos mostrando tudo o que pode sobre sua protagonista, os closes mais próximos, para que nós sintamos todo o seu sofrimento e sua luta pela filha morta.
Além disso, Samani conta sua história como se fosse um sonho, com ares fantásticos que me lembraram muito o universo de Garcia Marquez, onde as possibilidades de sonho vão além do que estamos assistindo na realidade.
A realidade de Agata parece algo impossível de se acontecer do jeito que acontece, com os personagens que vão passando por sua viagem que parecem saídos de contos surreais. Ou supra reais.
Tudo parece maior que a realidade, algo que só existiria em histórias perfeitamente contadas por nosso bisavós, sobre universos ao mesmo tempo distantes e muito possíveis.
Imagina um Lazzaro Feliz mais místico que surreal.
Piccolo Corpo é lindamente fotografado, com uma trilha que beira a perfeição, como já disse com uma gama de personagens inacreditáveis que vão aparecendo pela jornada de Samani, uma das grandes personagens do ano e por isso não poderia deixar de dar todos os méritos à maravilhosa Celeste Cescutti, que se em sua estreia nos filmes entregou isso tudo, só imagino o futuro desta atriz.
NOTA: 1/2