Michelangelo Frammartino, o diretor de Das Profundezas, é um cara que parece que vive em um futuro imaginado na década de 1950.
O filme saiu premiado do Festival de Veneza de 2022 com louvor: Das Profundezas é uma experiência bem peculiar, pra dizer o mínimo.
O filme se passa na década de 1960 quando uma expedição paleontológica descobriu e explorou uma das cavernas mais profundas do mundo, na região da Calábria italiana, terra dos avós do diretor.
Frammartino parece viver em uma dimensão cinematográfica paralela à nossa porque em seu filme ele cria uma narrativa onde ficção e documentário co-existem pacificamente numa mesma linha de tempo.
Uma nova e quase experimental linha de tempo.
Enquanto a gente vai assistindo Das Profundezas, as sensações vão se misturando entre assistir um filme “normal” e assistir um documentário, mas um documentário que tivesse sido rodado lá nos anos 1960, quando a expedição aconteceu.
Esse é o maior dos ótimos dons do diretor.
Essa sensação de estar assistindo algo que não é, algo que poderia ter sido ou mesmo algo que deveria ter sido é o que faz um cinema muito acima da média, um cinema de criador.
Não por menos, um dos maiores de todos, John Waters, colocou Das Profundezas na sua já clássica lista de 10 melhores filmes do ano.
E eu confesso que por esta lista que eu fui ver o filme, que já estava nas minhas mãos mas tinha se perdido em meio ao turbilhão do ano.
Sorte a minha. E sorte a sua que está lendo essa dica aqui.
NOTA: 1/2