Till, uma das grandes apostas do ano a prêmios de melhor atriz e melhor coadjuvante, é na verdade O Amor de Sylvie de 2022.
Explico.
Till é baseado na história real de Mamie Till-Bradley, a mulher que em 1955 perdeu seu filho de 14 anos de idade depois de ter sido linchado no Mississipi, quando estava lá visitando familiares.
Em uma época que a vida dos negros era quase proibitiva no sul dos EUA, Bobo, o filho de Mamie, em sua inocência infantil ousou dizer para uma mulher branca, dona de um bar, que ela era linda, que parecia uma atriz de cinema.
Não demorou para que seu marido, irmão, pai e empregados encontrassem o moleque e acabassem com ele.
As fotos do cadáver de Bobo são das mais chocantes da história da luta pelos direitos humanos.
A maravilhosa Whoopi Goldberg produziu este filme e ainda faz a mãe de Mamie, outra promessa para prêmios.
Como em O Amor de Sylvie, Till tem um elenco incrível, uma história mais incrível ainda mas a direção do filme é inexistente.
Chinonye Chukwu, pra começar, desperdiça sua estrela Danielle Deadwyler, com um tipo de criação de personagem que me dá nos nervos, aquela da mulher (ou poderia ser do homem também) forte que não chora, que se segura ,mas que tem explosões de desespero, de grito, seguindo ao pé da letra a cartilha de prêmios, que é a desses arroubos, com típicas cenas criadas para serem apresentadas no Oscar quando a atriz é chamada.
O filme da Sylvie foi a mesma coisa, Tessa Thompson era a grande promessa indie para prêmios de atriz.
Aqui é a ótima Danielle.
Mas como em Sylvie, Till não tem roteiro, não tem direção e pior de tudo, Till não tem edição, não tem ritmo, em um filme de 2 horas e 10 minutos de duração que poderiam ter no máximo 1h40 e olhe lá.
A diretora Chinonye nos entrega uma coleção de cenas infinitas de situações em quartos e salas com reflexos em espelhos que não diz nada ao filme.
Além dos espelhos, Chinonye é uma diretora “careta”, com enquadramentos e travellings que mais serviriam em comerciais de margarina, algo que não funciona aqui.
NOTA: