Meu grande ídolo dos dias de hoje é um ator inglês feioso, com cara de neandertal, como já li por aí, mas que não só entrega tudo como o faz das formas mais variadas possíveis, o típico ator de diretor, que sabe o que está fazendo onde está fazendo.
Cosmo Jarvis é o nome do cara e aqui em It Is In Us All, ele vive um cara durão (pela sua cara e físico), que vai a Irlanda a procura de suas raízes e de sua mãe.
O filme é quase uma liturgia religiosa onde Cosmo é Hamish, um cara que já sendo super tenso, ainda sofre um acidente de carro em sua viagem ao passado e precisa ficar com o braço engessado e com problemas para se locomover durante o filme todo, o que faz de seu personagem quase um boneco envergonhado.
Hamish passa o tempo todo conversando com seu pai Jack (Claes Bang) via chamadas de vídeo, tentando chegar a conclusões sobre a mãe ao mesmo tempo que o pai fica mandando que o filho volte para Londres de qualquer maneira.
Pai e filho tem medo do que pode ser descoberto, é escancarado, só que os medos são exponencialmente opostos.
Hamish se aproxima das pessoas mais inesperadas em sua busca, como um adolescente que a gente nnao sabe se quer seu irmão ou namorado de Hamish, enquanto o ajuda como pode.
O homem, totalmente descolado geograficamente, filosoficamente e se bobear, sem entender nem o seu corpo acidentado, tenta perceber se ele tem razão em estar ali ou se seu pai manipulador é quem tem razão.
O filme quase religioso, é a estreia na direção da atriz Antonia Campbell-Hughes, neta filosófica bastarda de Tarkovsky e uma bela de uma manipuladora de elenco através de personagens desgraçados.
Jarvis, o ator bom demais, é o cara que os diretores britânicos de visão tem usado para viver personagens estranhos, com níveis e mais níveis filosóficos e físicos, já que ele vai de magrelo a fortão em um piscar de olhos, literalmente, como já vimos antes e vemos de novo aqui.
De Lady Macbeth ao meu preferido Calm With Horses, Jarvis agora coloca este filminho irlandês em seu panteão de troféus, coisa que poucos atores desta geração de 30 e poucos anos de idade conseguem mostrar com orgulho.
NOTA: 1/2