Alcarràs é um filminho espanhol tão, mas tão bom que assim que eu terminei de assistir eu fui correndo procurar entender como foi criado e realizado porque eu não acreditava muito no que estava assistindo.
Eu me lembrei muito do italiano Lázaro Feliz, da maravilhosa Alice Rohrwacher, pela genialidade cinematográfica despretensiosa e pelo elenco que por si só mereceria receber todos os prêmios possíveis pelo mundo.
Alcarràs não tem o lado surrealista doidão de Lázaro, apesar de que por muitos momentos eu achava que a história da família Solé, plantadores de pêssego na cidade de Alcarràs, na Catalunha espanhola, fosse um delírio onírico.
Por gerações eles vivem em terras que, eles descobrem, não lhes pertence porque o avô nunca assinou nenhum papel quando “ganhou” aquelas terras do homem rico que ele protegeu durante a guerra.
Agora eles precisam arrumar alguma maneira de não entregar as terras e o pior, de resistir a uma luta tecnológica que eles já travam onde o dono real quer instalar painéis de energia solar e transformar a fazenda de pêssego em uma fazenda de “sol”, como diz Quimet.
Escrito e dirigido por Carla Simón, Alcarràs venceu o Festival de Berlim e é o candidato espanhol a uma vaga no Oscar Internacional, primeira vez de um filme falado em catalão.
Tudo muito merecido, principalmente com o poder da diretora em criar um filme com um elenco de não-atores que vivem seus personagens como tenho certeza ninguém viveria melhor.
As dores da família ao se depararem com a realidade crua dos tempos modernos é retratada de uma forma que parece que estamos assistindo um documentário, de tão sutil que é a presença da diretora e sua equipe no dia a dia do clã Solé.
Coisa de muito talento da ótima Carla Simón, já reconhecida e que, torço, para que continue sendo premiada por esta pérola.
NOTA: 1/2