Ontem falei da escolha da estrela de Normal People Daisy Edgard-Jones em sua estreia em Hollywood e como ela errou.
Hoje falo da estreia da outra estrela da minha mini série preferida, Paul Mescal e como ele acertou na mosca.
Aftersun é um filme tão, mas tão fofo que eu por vários momentos fiquei com medo esperando alguma coisa muito ruim que poderia acontecer e estragar toda a experiência.
Enquanto Daisy foi pra cabeça e se jogou em um filme gigante, Paul fez um filminho pequeno, pra mostrar a que veio e onde quer ir.
Se o Woody Allen ainda estive se filmando como em tempos dantanho, Paul Mescal com certeza estrelaria seu próximo filme fazendo o papel do Woody jovem noiado.
Aftersun é uma memória, um apanhado de imagens que podem ou não ser reais de Sophie, uma mulher que lembra de férias passadas com seu pai 20 anos atrás na Turquia.
Mescal é Calum, pai de Sophie, um cara jovem, carinhoso, paizão que leva a filha para a praia em uma viagem de fim de verão, antes de começarem as aulas, onde a menina pode ou não ter dado seu primeiro beijo, cantado no karaokê, pedido para o pai não fazê-la passar vergonha, só que não como a adolescente chata mas sim como a menina que ama o pai, muito ligada a ele, que fala da mãe, que cobra o pai do amor que ele ainda sente pela ex esposa e muito mais.
Aftersun parece que não tem roteiro mas sim foi filmado a partir de páginas de um diário imaginário, como disse, de lembranças do que pode ou não ter acontecido 20 anos atrás.
E tudo é filmado com uma intimidade latente, por uma diretora roteirista que sabe. oque está fazendo e que com certeza confia muito em elenco principal a ponto de deixar que o filme seja totalmente contado por pai e filha.
Algumas cenas do pai sozinho no quarto de hotel sofrendo calado ou chorando por não se tem certeza o quê são das coisas mais lindas possíveis.
A gente nem vê por vezes que tem uma equipe ali filmando, que existe ensaio e figurino, de tão fluída e natural a história é contada, obrigado Charlotte Wells, diretora extraordinaire.
Aftersun é uma surpresa gigante em um ano com poucas boas surpresas nos dramas, tudo muito provável demais.
Paul Mescal ter escolhido um filme pequeno e melancólico desses para fazer diz muito sobre o tipo de ator, de artista que ele é, sobre o tipo de carreira ele quer ter, diferente da escolha de Daisy em fazer o filme gigante da produtora da Reese Whiterspoon.
Eu só espero que as escolhas de ambos os levem a sempre papeis mais interessantes em suas carreiras porque eu torço muito por vê-los em mais e melhores filmes.
NOTA: