À medida que eu ia assistindo o drama Uma História em Montana eu pensava “já vi essa história antes. Mas onde?”.
O momento que eu vi Erin (Haley Lu Richardson), a filha que volta para casa depois de ter fugido de lá 7 anos atrás por ter se cansado de levar surras de seu pai, eu lembrei.
Uma História em Montana é o primo irmão, menos a desgraceira toda, de What Josiah Saw.
Daí fico pensando: que porra de país é esse que todo o interior é retratado por histórias e mais histórias de abuso, de gente escrota, de famílias destruídas como a gente tanto vê nos EUA.
Histórias essas que são contadas das formas mais diversas mas que no final são sempre as mesmas.
No caso deste filme, Erin só volta para casa depois de ficar totalmente desaparecida, porque seu pai está à beira da morte e ela atravessa o país para dar uma última olhada no moribundo que, de uma forma horrorosa, acabou com sua vida.
Em casa ela reencontra seu irmão Cal que passou os últimos 7 anos procurando pela irmã porque, apesar de entender porque ela tinha fugido , não se conformava com ela não falar com ele.
No meio do nada, em uma fazenda que está só esperando a morte do dono para ir para as mãos dos bancos, claro, tudo fudido mesmo, os irmãos usam como desculpa quem vai ficar com o cavalo da família para conversarem e tentarem se entender.
Quer dizer, quem usa essa desculpa são os diretores David Siegel e Scott McGehee que desenrolam um roteiro muito bom, sem firulas, sem lições de moral, sem metáforas rasas, tudo jogado na cara do espectador para que a gente se sinta ao máximo envolvido pela história do pai escroto que não consegue nem mais respirar sem máscara e aparelhos enfiados em todos os seus orifícios.
O inferno é aqui?
Foi para os filhos e ainda é para o pai. Que venha mais.
NOTA: