Hoje entra em cartaz no Mubi, Memória, o novo filme do mestre tailandês Apichatpong Weerasethakul.
Se você é tipo eu que gosto de filme quanto mais estranho melhor, este é perfeito. E sem me esquecer de dizer que um dos melhores do ano.[
Apichatpong é um dos grandes autores do cinema contemporâneo. Seus filmes são sagas únicas, um completamente diferente do outro ao mesmo tempo que sabemos que todos pertencem ao mesmo universo criado por esse roteirista e diretor tão único que seus filmes são sempre premiados nos grandes festivais de cinema, principalmente em Cannes de onde ele já saiu com a Palma de Ouro e com o prêmio do juri por esse Memória.
E desta vez Apichatpong sai de seu oriente “caseiro” e leva sua protagonista escocesa para as selvas da Amazônia colombiana.
A escocesa Jessica é vivida pela diva Tilda Swinton que viaja a Colômbia para acompanhar a irmã que lá mora em um tratamento de saúde.
Só que Jessica, desde antes de chegar a América, ouve barulhos fortes, uns estrondos, que mais ninguém ouve e que ela começa a ter dúvidas se o que houve é real ou imaginário.
E aí a gente percebe a primeira grande assinatura de Apichatpong que é quebrar barreiras, no caso entre esse real e o não real e seus personagens não terem certeza de onde estejam pisando.
Essa sensação de possível enlouquecimento, de perder a razão vai levar a escocesa a procurar entender o que está acontecimento com ela e pra isso vai precisar não só aprender a ouvir o tal barulho mas principalmente vai precisar aprender a ouvir a vida e tudo ao seu redor.
E não só o ouvir físico mas principalmente o metafísico, o que talvez não exista, o que talvez não esteja lá apesar de todas as certezas.
Ninguém melhor que Tilda Swinton para viver essa personagem que viaja entre “reinos”, entre universos que talvez existam em um mesmo multiverso, em uma mesma galáxia atemporal. Mas talvez não.
Memória é uma ficção científica quase religiosa, mística, misturada a um thriller psicológico e um drama existencial.
A escocesa na floresta não vive, ela flutua entre mundos (ir)reais, entre existências e entre o saber e o não compreender.
E o melhor de tudo, como todo bom filme de Apichatpong, Memória tira o nosso chão, nos tira da realidade (cinematográfica) e nos joga no coração da floresta amazônica em forma de cinema de um nível que infelizmente a gente não tem com mais frequência ao nosso dispor.
NOTA: