Num ano desgraçado que está sendo esse 2022, Sra. Harris Vai a Paris talvez seja um dos filmes mais importantes que a gente assista.
Não pelas suas qualidades cinematográficas, que não são de nos deixar de 4, mas funcionam muito bem.
Sra. Harris Vai a Paris é o filme fofo, boas vibrações, delicinha que a gente nunca sabe que precisa até que assiste e depois de 2 horas estamos até flutuando de tão desopilados e leves que estamos.
Pra começar a Sra. Harris do filme é vivida pela magnífica Lesley Manville que se você não viu filmes suficientes com ela, com certeza assistiu Trama Fantasma e se lembra da irmã do costureiro nóia, pra ser bem simplista.
Ada Harris é uma viúva de seus 50 e tantos anos de idade que na Londres do Pós Guerra da década de 1950 trabalha como faxineira.
Entre limpar e cuidar de várias casas e várias pessoas que não estão nem aí pra ela todos os dias e ir ao pub no final de semana com sua amiga Vi e dançar um pouco, Ada vive uma vida de “anciã” numa época que ter 50 e tantos anos de idade era já estar no fim da vida.
Um dia, Ada se apaixona por um vestido maravilhoso de uma de suas “patroas”. Ao descobrir que é um Dior e que ela pagou 500 libras, mesmo devendo semanas e mais semanas de trabalho a Ava, nossa heroína resolve juntar dinheiro para ir a Paris comprar um vestido Dior e não precisar pagar 500 libras em uma loja de Londres.
E assim começa o périplo dessa personagem maravilhosa saída dos livros de Paul Gallico e que se ticvermos sorte, mais filmes virão porque as aventuras de Ada Harris não se limitam a Paris.
E que aventuras!
Com a liberação da Dior, a produção do diretor Anthony Fabian recriou não só o icônico estúdio e loja a partir das plantas originais da década de 50 mas recriou também a 10ª coleção da Dior lançada naquele ano e que seria um marco na história da marca.
E a história contada a partir do ponto de vista da faxineira que vai comprar um Dior é contada da melhor forma possível, desde ela chegar no dia certo na hora certa e conseguir entrar no desfile até a equipe de Christian Dior ter que aceitar que o único jeito de lidar com a “espoleta” Ada seria fazer sim um vestido exclusivo, já que ela poderia (?) pagar.
Muita gente vai dizer que Sra. Harris Vai a Paris parece uma série da Netflix, que é raso, que é facinho, que é bonitinho mas ordinário e eu concordo.
É tudo isso sim só que, acreditem, essas todas são as melhores qualidades do filme.
Sra. Harris Vai a Paris é fofo, bonitinho, engraçadinho, facinho, só que muito bom, com uma história pra cima, sem truques modernosos, com uma direção correta mas com detalhes incríveis, principalmente em relação a personagem principal e a infinidade de closes que o diretor Fabian nos mostra de uma Ada deslumbrada com o mundo que ela começa a frequentar sem acreditar.
E a pegadinha aí foi o diretor saber que tendo uma atriz como Lesley Manville ele poderia abusar dela, no melhor dos sentidos.
Além do resto do elenco que também funciona a perfeição.
Do francês Lucas Bravo (o galã de Emily Em Paris, que aliás, o que tem Paris no título vai ter ele agora? tomara), ao trio de veteranos que me deixou chocado: Jason Isaacs, Isabelle Huppert e Lambert Wilson, que mostram ao que o filme veio, ao que o diretor Fabian quis mostrar mesmo.
NOTA: