Chegou o dia, meu povo.
As diretoras Dima Ballin e Kat Ellinger fizeram um documentário sobre um dos mais icônicos, talentosos, multi facetados e absurdos de todos os tempos, o francês Jean Rollin.
Quando a gente pensa em diretor que não tá nem aí pras regras cinematográficas, que era punk antes do punk, que começou fazendo filmes como conseguia, parou com o seu cinema radical e radicalizou mais ainda fazendo pornô real e oficial, nenhum outro diretor se compara a Rollin.
O cara não era para todos, tanto que não achou público na sua França natal e foi descoberto em sua terceira fase, pós pornografia sexual, mas ainda com pornografia mental, nos EUA e na Grã Bretanha.
O Orquestrador de Tempestades é um título perfeito para esse documentário em relação à vida do cara mas me deixou querendo um pouco de subversão.
O filme é ótimo, com a história contada cronologicamente, com tantas entrevistas e depoimentos quantos as diretoras conseguiram, já que Rollin faleceu em 2010.
Se você não é tão familiarizado com a obra do francês, não vai sentir falta de nada. Mas se você assistiu um ou outro filme do malucão, vai achar tudo muito certinho e quase sanitizado.
O filme acabou de estrear no Fantasia Festival e deve fazer uma carreira boa em alguns festivais pelo resto do ano, o que é um dica para que se aparecer, não perca.
Enquanto isto, sugiro que filmes de Rollin sejam (re)descobertos e (re)assistidos para que a surpresa geral seja das melhores.
Se você gosta dos italianos da década de 1970, principalmente dos filmes do Lucio Fulci, assista Rollin, um diretor tão incrível quanto o povo do Giallo e muito menos conhecido porque fazia sozinho na França uma revolução silenciosa e avassaladora com seu cinema sexual, com seu horror ultra estilizado e com sua infinidade de vampiras como nunca tinham sido representadas no que até hoje é referência do melhor cinema fantástico.
Se você acha o Ari Aster um revolucionário do cinema, entenda de onde ele chupa na cara dura grande parte de suas referências.
Finalmente, se você ama terror pelo terror, assista os filme de Rollin e entenda como o cara criou uma forma de contar suas histórias, em filmes que geralmente são mostrados como desgraças prestes a acontecerem, mas que no fundo no fundo são só dramas vindos de uma das mentes mais inventivas do cinema do século XX.
NOTA: