Dramão francês desgraçado, prepare-se, daqueles que a gente gosta muito.
O filme conta a história de uma família que em princípio é daquelas invejáveis com o pai erudito, a mãe uma escritora feminista e o filho que estuda em uma das mais conceituadas universidades americanas.
Acontece que apesar deles serem educadamente europeus e viverem vidas não juntas, já que o pai tem uma família nova e a mãe também, tudo vai bem.
Alexandre, o filho prodígio, volta a Paris para participar de uma entrega de prêmio super importante para o pai e na noite anterior vai jantar na casa da mãe e seu novo marido onde conhece Mila, enteada de sua mãe, que diz para eles saírem juntos depois do jantar, já que tem mais ou menos a mesma idade.
O problema é que ao acordarem no outro dia, Mila, que na verdade é menor de idade, foi à polícia dar queixa porque teria sido estuprada por Alexandre.
Barulho de bomba atômica sobre a intelectualidade burguesa francesa.
O que me deixou ao mesmo tempo apaixonado e desesperado com esse filme é que o diretor Yvan Attal escreveu um roteiro tão bom a ponto de não escolher nenhum lado da história.
Passamos o tempo todo tentando chegar a uma conclusão se o estupro realmente aconteceu.
Claro que acreditamos na história da jovem Mila ao mesmo tempo que também acreditamos no que Alexandre conta sobre não ter feito nada que não fosse consentido.
Essa dúvida constante nos imposta por Attal é algo não muito visto no cinema já que 99% dos filmes com essa temática já chegam com decisões tomadas e conclusões acertadas.
Nos dias de hoje a gente também aprendeu a acreditar sempre na história da mulher abusada e Attal, de novo, não a desacredita em momento nenhum, mas também não desacredita na história de Alexandre.
E como espectador ter a responsabilidade de chegar a conclusões tão difíceis como uma dessas é algo que a gente desacostumou nos últimos tempos. Eu não lembro da última vez que tive que “julgar” alguém em algum filme e isso me incomodou de uma forma que eu não esperava que acontecesse.
Mas tudo valeu a pena porque o filme é incrível, o elenco é o máximo e Charlotte Gainsbourg está tão boa quanto possível, me fez até esquecer o quanto o documentário que ela dirigiu sobre sua mãe é ruim, inclusive ela mesma.
NOTA: