Fleabag, eu te odeio!
Phoebe Waller-Bridge, criadora de Fleabag, mega roteirista e mega atriz, eu te odeio!
Mentira gente.
Se for pra odiar alguém talvez tenha que ser o Ricky Gervais lá em The Office que inventou essa parada de olhar para a câmera no meio da cena, quebrar a quarta parede, acabar com a magia do cinema que divide audiência de elenco.
Apesar de amar essa “pegadinha” em série de comédia como as 2 citadas e Modern Family, Parks and Recreation, tudo tem que ter um limite.
Será?
Porque em Persuasão, a comédia romântica da Netflix lançada com muito alarde, estrelada pela queridinha de Hollywood Dakota Johnson, sua personagem Anne vive olhando para a câmera mandando piscadinhas, falando com o público e por aí vai em uma história da Jane Austen, daquelas de mulheres mega inteligentes que vivem em famílias ricas (ou supostamente) lá no século XIX inglês, cheias de ideias e atitudes que não eram tão comuns à época.
E o que não era nada comum nessas adaptações era ter a personagem principal quebrando a tal da quarta parede.
É horrível? Não. Incomoda? Muito.
A história de amor de Anne, filha do meio de uma família abastada que lhe é negado o amor a um marinheiro pobre e fica 8 anos sofrendo de coração partido, de repente se vê pobre e o tal marinheiro virou uma super oficial da marinha britânica. E rico.
O jogo virou, quem diria e Anne, que não teve culpa pelo término do namoro lá atrás, agora tem que sofrer as consequências da decisão que foi tomada em seu lugar.
Persuasão não é tão ruim quanto estão pintando.
O filme é fofo, a Dakota está incrivelmente boa, com seu cabelo esvoaçante e desarrumado e sua sabedoria acima de todos, com os olhares para a câmera.
Mas quem explode na tela é meu ator fetiche, ops, Cosmo Jarvis.
Se você me acompanha pode se lembrar do quanto eu falei bem dele em Calm With Horses, onde ele está um monstro, rouba o filme com seu pseudo monstro.
Em Persuasão ele é Frederick, o marinheiro pobre que volta rico e não sabe como se declarar para Anne, como não soube lutar pelo seu amor anos atrás.
Cosmo é feio, grande, estranho, parece sim um monstro ao mesmo tempo que parece ser um dos caras mais bonitos do cinema. E esse paradoxo me deixa absolutamente intrigado: ele é um monstro de ator ou é um lindo perfeito?
Brincadeiras à parte, o casal Anne/Frederick é lindo demais e se por momentos eu achei que eles não se mereciam mais, a gente bem sabe como terminam as histórias da Jane Austen.
Ainda mais muito bem dirigida pela diretora teatral Carrie Cracknell que tem o elenco em suas mãos iluminados por uma direção de fotografia primorosa, o que faz toda a diferença em “mais um filme de romance da Jane Austen”.
Mesmo sendo um romance menor da escritora, ela se virou bem para ter o final que teve. Ah, isso sem falar que tem um povo dizendo que o filme é ruim porque mudaram a história original.
Como eu não li esse livro e sou sempre do time da licença poética para adaptações cinematográficas, não me incomodo com esses puristas.
NOTA: 1/2