Direto de Hong Kong, Limbo é o filme “choque” da temporada.
Lançado no Festival de Berlim poucos meses atrás, Limbo saiu de lá com fama de ultra violento, ultra estilizado e ultra misógino, já que a personagem principal do filme, uma mulher, apanha até a gente não aguentar mais ver e depois disso ela ainda é estuprada algumas vezes e apanha outras mais.
Como eu fico com os meus 2 pés atrás em relação a filmes que o hype esteja nas alturas, como todos da A24, por exemplo, fui ver Limbo disposto a odiar.
E eu quase odiei.
Quase parei de assistir antes dos primeiros 30 minutos de filme, logo depois da primeira surra que a bandidinha drogadinha Wong To leva.
Mas daí pensei: tá, foi pesado, não precisava ser tanto assim, acho que é isso. E continuei.
O filme é um policial típico que se passa numa Hong Kong suja, feia, detonada, que mais parece uma cracolândia gigantesca só que ao invés de crack, a droga é a heroína e no meio dessa desgraceira toda, tem um doido cortando a mão esquerda de mulheres que circulam por esse submundo.
Entram 2 policiais, um zuado e o outro certinho, claro, que seguem as pistas e aos poucos acham que vão se aproximando desse psicopata, com a ajuda de Wong To, que tem meio que passe livre nesse mundinho.
Esteticamente o filme é lindo.
A fotografia muito estilizada dá uma cara de história em quadrinhos por vezes, se aproximando muito de Sin City.
Mas toda a violência gráfica coloridinha daquela Las Vegas é jogada no preto e branco contrastado dessa Hong Kong de fim do mundo, onde nada nem ninguém presta.
O roteiro é cheio de buracos bestas, que poderiam ter sido resolvidos na sala de edição, já que as 2 horas de filme são desnecessárias.
Mas o trio principal é bom, principalmente Cya Liu, a atriz que vive Wong To.
Uma única questão pra mim em relação ao filme é a necessidade de tanta violência com a moça. Tudo o que você ler sobre esse filme será pouco para o que o diretor Cheang Pou-soi nos joga na cara, já que tudo parece gratuito demais.
Diferente de um Irreversível, com a pior cena de estupro do cinema, de fazer o estômago gritar. Mas que o resto do filme “vinga” esse trauma da melhor forma possível.
Já em Limbo não tem essa redenção.
A violência contra a mulher tá lá e ninguém tem o que falar, pra nosso desconforto. Quer dizer, eu tô aqui falando que na minha opinião, não precisava daquilo tudo porque nada no roteiro justifica o que vemos.
NOTA: 1/2