Essa semana, quando escrevi sobre o documentário maravilhoso do Anthony Hopkins, eu disse que tudo que um diretor (ou diretora, claro) precisa para fazer um filme bom é um personagem bom.
Lá no outro doc o personagem é maravilhoso, Hopkins Hannibal, um dos maiores atores de todos os tempos que deu vida a um dos maiores personagens do cinema de todos os tempos.
Aqui temos um personagem odiável, o rapper XXXTentacion, que explodiu novinho no soundcloud, virou um guru da molecada na época, fazendo música com as letras mais escrotas possíveis e algumas com uma profundidade existencial inacreditável, falando de depressão e problemas mentais e espirituais que não se espera vindas do mesmo cara que escreve letras absolutamente misóginas.
O filme mostra em detalhes a vida do rapper, usando todo o material postado em suas redes sociais desde sempre, já que isso o que a molecada só faz nos dias de hoje.
O que ninguém esperava era que XXXTentacion fosse assassinado um dia antes de ser preso para cumprir uma pena de 20 anos por ter espancado por tempos uma namorada.
O cara era tão mas tão escroto que em um momento do filme a mãe dele diz: “se meu filho fosse o Hitler eu o amaria do mesmo jeito”.
Esse é o nível de comparação básico mesmo.
Eu geralmente não fico com asco de alguém a menos que assista esses novos documentários sobre crimes reais. E por isso não assisto, não quero sentir isso nem que seja por alguns minutos.
Mas neste filme não teve jeito, não consegui ter a menor empatia com o cara que desde sempre se mostrou violento, misógino, grosso e daí pra baixo.
Lembro que anos atrás quando todo mundo falava que ele era o futuro do hip hop, que o Drake copiava ele, fui ouvir e achei até interessante, se não prestasse atenção em suas letras.
E lembro bem quando ele foi assassinado que a primeira coisa que pensei foi que ele teria armado uma morte falsa para não passar a vida atrás das grades.
Nada como um documentário bem feito para entender exatamente como foi a vida desse cara que foi amado e odiado na mesma proporção enquanto vivo.
E tem gente que culpa a fama, como se fosse um monstro que come a alma das pessoas.
Esse filme, na minha opinião, acaba com essa teoria totalmente: o cara já era péssimo antes de ser rico e famoso. O dinheiro e a fama só deram voz a estupidez toda.
Documentário maravilhoso sobre um personagem horroroso com uma história complexa e no mínimo interessante.
NOTA: