Você sabia que tem um filme espanhol estrelado pela Penélope Cruz e pelo Antonio Banderas?
E o mais incrível, o filme não é dirigido pelo Almodóvar.
O filme se chama Competencia Oficial, ou em português ao pé da letra, Competição Oficial, que é uma brincadeira (como todo o resto do filme) com o termo usado quando um filme que está em um festival competindo oficialmente.
Só que no caso, este filme conta uma história de rivalidade entre os 2 maiores atores da Espanha que pela primeira vez vão estrelar um filme juntos.
Filme aliás, que se chama Rivalidade, baseado num livro famosíssimo e caríssimo, cujos direitos foram comprados por um milionário que, velho e cansado, como ele mesmo diz, deseja que seu nome seja lembrado por algo concreto, um filme de sucesso ou uma ponte, quem sabe.
Para isso eles contratam Lola Cuevas, uma diretora espanhola famosíssima, que venceu Cannes, Veneza e mais um monte de festivais importantes, vivida pela maravilhosa Penélope Cruz que me faz ter ódio mortal de sua personagem, uma caricatura incrível do diretor de cinema famoso e rico e cheio de manias escrotas travestidas de genialidade.
O filme Rivalidade conta a história de 2 irmãos que se odeiam no que parece uma novela ruim da record.
Esses 2 personagens são vividos Por Banderas e pelo astro argentino Oscar Martinez.
Em Competencia Oficial nós acompanhamos os 9 dias de ensaio antes da filmagem em si.
9 dias em que a diretora Lola transpira excentricidade e auto indulgência na forma como ela lida com seus 2 atores principais.
Ah, esqueci de dizer que Banderas faz o ator famoso que se dá bem em Hollywood, milionário cheio de assistentes e Martinez faz o ator famoso e pobre, amado por todos mas que precisa dar aulas de atuação para sobreviver já que ele acha todo esquema milionário do cinema um ascinte num mundo como o nosso.
A grande coisa de Competencia Oficial é que o roteiro do filme vai quebrando absolutamente todos os paradigmas que a história vai nos mostrando, quase que sem deixar a gente refletir sobre o que estamos vendo.
O ritmo do filme é meio que como um jogo de vôlei de seleções masculinas disputando o primeiro lugar numa olimpíada: rápido, ágil, muito bem estruturado mas se a gente não prestar atenção, não vê de onde veio a bola para o jogador dar uma cortada fulminante sem defesa. Ou meio parece um jogo de tênis de mesa de alto nível, onde eu geralmente paro de seguir a bolinha e fico s´ø ouvindo o barulho para entender de outra forma o que está se passando.
Os diretores Gastón Duprat e Mariano Cohn sabem o que estão fazendo nessa comédia sarcástica, ácida e cínica.
Elevar seus personagens a níveis absurdos de obviedade deu a liberdade aos diretores de fazerem o que bem entenderem com os estereótipos que estamos acostumados a imaginar que essas estrelas de cinema representam.
Tirar a diretora e os 2 atores do normal, do óbvio, deu a eles a possibilidade de criar um mundo tão bizarro nesses dias de ensaio que parecia muitas vezes que eu estava assistindo um filme de ficção científica, pra você ter ideia de como tudo é tão bom.
NOTA: