Há tempos eu sigo o trabalho do francês JR e sempre fiquei impressionado com o tamanho de sua obra.
Literalmente com o tamanho, porque o cara gosta de criar e realizar obras gigantescas.
Primeiro pelas ruas de Paris, depois ganhando as ruas da França inteira e logo do mundo.
O moleque que começou “grafitando” com xerox cresceu.
Em 2017 eu assisti Visages, Villages, o documentário da maravilhosa Agnès Varda co-dirigido por JR e só li eu me dei conta do tamanho que este cara tinha ganho.
Eu fiquei doido com o filme, como todo filme da mestra Agnès, como tanto falo aqui e não sei se por acaso, até porque não acredito no acaso, mas depois do filme JR virou uma personalidade onipresente no mundo das artes. Todo lugar que eu olhava lá estava alguma colagem do cara, estampada em prédios gigantes, no muro que separa os EUA do México, nas ruas, em favela do Rio e por aí afora.
Papel & Cola é o documento, em forma de documentário, de filme, que mostra a recente evolução de JR, dirigido e captado por seu amigo de vida, o grande diretor Ladj Ly, da bomba atômica maravilhosa Os Miseráveis.
O filme só não é mais emocionante porque acaba.
JR mostra que todo o trabalho que ele tem feito nas grandes rodas, de Cannes ao Oscar, passando pelas grandes galerias do mundo todo, tudo isso tem um porquê, que é aquele sonho do moleque pobre que não sabia o que fazer além de incomodar o povo parisiense com suas colagens pelos muros da cidade luz.
Colagens aquelas onde o povo mais cool do mundo se via refletido e não gostava do que via.
Li outro dia que JR já não é mais o mesmo, que o dinheiro lhe subiu à cabeça, mas se isso for verdade, Papel & Cola me faz ainda acreditar no cara que apostou na arte que fazia na rua, nos papeis grudados pelos muros mais improváveis que viravam galerias a céu aberto para mostrar suas “exposições”, seus “quadros”, que hoje ganharam o mundo, cresceram só um pouquinho de tamanho mas continuam sendo espelhos que incomodam muito, do jeito que tem que incomodar mesmo.
NOTA: 1/2