O saudoso David Mamet, roteirista e diretor dos grandes antes de virar um neo fascista escroto e largar a arte, era craque em fazer filmes que se passavam em um único lugar, fechado sempre, que contasse uma grande história que estava acontecendo fora desse lugar, enquanto algumas pessoas lá dentro estavam.
Um dos meus preferidos de Mamet é O Cadete Winslow, um filme de tribunal, de um julgamento incrível onde tudo o que ele nos mostra é a sala e a cozinha da casa do menino Winslow do título que está sendo julgado por uma pseudo fraude que realizou na escola.
Toda vez que penso nesse filme me vem à memória as imagens de um tribunal, de um julgamento, que nunca vi, de tão poderoso que é o roteiro.
The Outfit vai nessa linha.
Em uma pequena alfaiataria, personagens os mais peculiares possíveis vivem uma história de máfia, de briga de ladrões poderosos, uma história de amor e outra de traição e de sobrevivência.
Todas essas histórias acontecendo longe dos nossos olhos e que nos são contadas porque o alfaiate e sua loja estão diretamente ligados a um poderoso mafioso, de quem fica próximo por fazer seus ternos perfeitamente cortados, o que concede ao escroque uma admiração maior de seus inimigos.
O alfaiate, sua assistente, seu namorado e o filho do mafioso poderia ser o nome do filme se dirigido pelo mestre inglês Peter Greenaway.
Esses 4 personagens causam mais no roteiro perfeitamente escrito pelo diretor Graham Moore que dirige suas personagens com uma delicadeza de dar inveja, apesar de todo o peso da história e da complexidade dos momentos que se passam sempre no mesmo cenário.
The Outfit tem um quê de drama hollywoodiano da década de 1950 com truques cinematográficos hitchcokianos tudo resolvido pelo olhar extremamente contemporâneo de Moore e de seu grande elenco de 7 preciosidades, comandado por um Mark Rylance em êxtase, na estreia de Moore como diretor.
Só imagino o que vem por aí.
NOTA: 1/2