Tem gente que é ousada demais pro meu gosto.
Charles Dorfman, o diretor de Barbarians, é um desses, um grande e prolífico produtor que resolveu dirigir.
Pra essa estreia ele escolheu um roteiro bem espertinho, de uma quantidade absurda de roteiros espertos que eu tenho certeza que ele recebe diariamente.
O problema é que sobrou “esperteza”do roteiro e faltou, adivinhe, um bom diretor, que primeiro reconhecesse as gracinhas de roteiro e depois, que não apenas copiasse na cara dura não só a vibe mas sequências e os gráficos e o som de Funny Games, do mestre dos mestres Michael Haneke.
Barbarians conta a história de um jantar de negócios entre amigos próximos que apesar de toda intimidade, ultrapassam os limites do “são”.
Adam (meu preferido Iwan Rheon), um diretor de filmes, é casado com Eve (Catalina Sandino Moreno de Maria Cheia de Graça), uma artista plástica. (Sim, Adão e Eva, na cara dura), moram em uma casa inacreditável num lugar lindo fora nos arredores distantes de Londres, em um empreendimento a ser lançado por Lucas (o lindão Tom Cullen), o melhor amigo de infância de Adam que vai para o jantar com Chloe, sua nova namorada que carrega um segredo bem incômodo.
O jantar é um “shit show”, uma catástrofe causada por mostras ridículas de masculinidade tóxica dos amigos que enquanto estão se degladiando, se estapeando no chão, como duas crianças mimadas, recebem a inesperada visita de 3 homens mascarados que não só os assalta mas também os prende, jogam sangue sobre Lucas e fazem com que o grandão inescrupuloso grave um vídeo se declarando inescrupuloso.
Ah sim, Lucas é o dono do tal empreendimento que foi construído sobre uma área de extremo valor histórico com, inclusive, um menir secular que não só vai ser derrubado como vai ser substituído por outro criado pela fofa da Eve, mulher do Adam, em troca da casa maravilhosa que eles moram.
Tudo errado, certo?
Barbarians é o tipo de filme que você já espera que as coisas só piorem e o roteiro não nos decepciona.
E nem a direção.
Tudo piora a ponto de ter me deixado nervoso pela história, pelas escolhas acertadas do roteiro, mas principalmente pelas escolhas erradas de como tudo é retratado, do caminho que Dorfman escolheu percorrer.
Assisti Barbarians em um festival ano passado, tinha esquecido deste filme até que ele apareceu online. Revi e só digo uma coisa: que falta faz um diretor competente.
Saudade de um filme que não queria dizer alguma coisa, mas que chegava com os 2 pés no nosso peito e nos vomitava na cara sem vergonha nenhuma. Já citei Funny Games lá em cima, né?
NOTA: 1/2