Quando eu acho que não tem mais história bizarra para aparecer vinda das desgraceiras nazistas da II Guerra Mundial, aparece essa maravilha de documentário que me deixa de quatro.
O Kaiser de Atlântida é uma ópera escrita em um campo de concentração nazista de Theresienstadt onde seu autor, Viktor Ullmann esteve preso e onde conheceu o poeta e artista Peter Kien, autor do libreto da ópera.
O Kaiser de Atlântida é uma crítica satírica ao 3º Reich, onde o tal kaiser tenta fazer um acordo com a morte para justificar suas matanças.
Mas a morte não aceita suas desculpinhas e entra em greve, sendo que a partir daquele momento, ninguém mais morre, acabando com os planos do vilãozão.
Ullman morreu antes de ver sua obra prima ser levada à luz dos palcos, já que no campo que ele estava preso, existia uma certa “liberdade artística”, onde se podia tocar música, desenhar e até criar.
Mas nada disso impedia que os planos mortais do reich fossem prorrogados.
Para nossa sorte, o homem que tomava conta da ala artística do campo guardou muitos dos documentos produzidos lá dentro e assim o libreto e a partitura d’O Kaiser de Atlântida acabaram salvos.
Ou quase.
O filme documenta a montagem da ópera em Madrid alguns anos atrás, depois de ter estreado discretamente em Amsterdam em 1975.
Mas o filme também mostra o quanto de trabalho foi feito para não só restaurarem os documentos originais mas também descobrirem de uma forma nada ortodoxa, algumas páginas perdidas, através de uma conhecida médium que só se comunica com compositores clássicos já mortos.
Infelizmente o filme não tem mais sessões previstas por aqui, já que eu o assisti no último dia do Festival É Tudo Verdade.
Mas fique de olhos abertos, porque esse é um daqueles imperdíveis, mostrando que a vida real é sim muito mais complexa e surpreendente que a mais estranha das ficções.
NOTA: 1/2