Quer filme muito bom que se bobear vai passar desapercebido e você deixa de ver?
Toma Nitram!
O filme australiano, pra começar, tem a Deusa Judy Davis e a outra deusinha Essie Davis, que dividem o sobrenome num acaso do destino e só.
E ainda tem Anthony LaPaglia como o pai de Nitram, outro ator que aparece cada vez menos nas telas mas é sempre um respiro de ar fresco quando o faz.
Elas são respectivamente a mãe e a namorada/sugar mamma de Nitram, um homem jovem bem perturbado que pratica o maior e pior massacre da história recente da Tasmania, aquela ilhazinha pitoresca que fica ao sul da Austrália.
Sim, o filme é baseado em fatos reais e pelas mãos mais que competentes do ótimo Justin Kurzel, parece mais real ainda, já que a surpresa é um soco no estômago.
Nitram é aquele personagem que tem escrito na testa “desgraça anunciada”.
Ele tem cara de bonzinho bobo, parece ter algum problema que a gente não sabe se é físico ou mental, vive com os pais que o amam mas que nem sempre tem a paciência necessária para a carência toda do filho.
Eu não sabia a história real que inspirou o filme e não vou nem contar aqui, melhor ver Nitram sem saber mesmo.
As credenciais do filme foram o que me atraíram a Nitram, que além desses nomes todos já citados, Caleb Landry Jones que vive o personagem atordoado, venceu o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes de 2021.
O homem atormentado, perdido, que ganha vida, ou quase vida, através de uma quantidade absurda de detalhes, maneirismos (bons) e uma direção e cuidados pouco vistos nos dias de hoje, me fez pensar que o ator que vive Nitram era alguém parecido com Caleb Jones e não o próprio.
E não tem nada, nada mesmo, mais estimulante, surpreendente e perfeito do que ver uma atriz ou um ator sumirem em seus personagens.
Nitram é um drama tenso, difícil de digerir a cada fotograma visto e apesar de parecer ser um filme fofo sobre um personagem punk, é na verdade um filme bem punk sobre esse personagem punk.
Pra poucos e bons.
NOTA: 1/2