A primeira hora que eu passei assistindo The Souvenir Part II ontem a noite me transportou pra algum lugar que primeiro achei desconhecido e depois percebi que na verdade era algum lugar pouco visitado.
E o lugar não era um lugar em si, mas aquela sensação que pelo menos eu tenho de ser arrastado ao me deparar com uma obra prima.
É a sensação de fazer parte de um universo que não o meu, que não o da minha sala com a minha tv enorme com o som nas alturas emulando uma sala de cinema.
The Souvenir Part II por essa primeira hora me fez esquecer que eu assistia um filme, até porque o que a diretora extraordinária Joanna Hogg faz em seu filme é algo que muito, mas muito de vez em quando a gente presencia em um filme.
The Souvenir Part II não parecia um filme, não parecia uma obra áudio visual, nem um clipe, nem uma novela, nem uma série.
Eu senti que ao começar assistir The Souvenir Part II um portal se abriu para uma nova dimensão que me sugou para a continuação da história da estudante de cinema Julie (a “ridícula” Honor Swinton Byrne) que tem que continuar a vida apesar de tudo o que ela viveu no primeiro filme.
E o melhor de tudo: se você não assistiu o primeiro filme, não importa porque Joanna sabe escrever e dirigir tão bem que, como eu disse, ela cria universos do nada, do éter, como fazem as boas Deusas.
Joanna Hogg está em um nível onde pouca gente se encontra hoje em dia e pra citar 2 outras pessoas que me causam o que The Souvenir Part II me causou, eu cito Titane da Julia Ducournau e Lazzaro Felice de Alice Rohrwacher.
Não por acaso 3 filmes escritos e dirigidos por mulheres e que na minha opinião são a representação do futuro do cinema em seus delírios particulares.
Todos os níveis nos apresentado pela história semi-auto-biográfica da diretora Hogg em seus anos de formação na Londres dos anos 1980, todas as discussões que o filme incitaria, toda a profundidade alcançada, tudo isso é prova de que quando você tem o que contar, quando você acredita na sua história e quando você sabe como contá-la, a probabilidade disso acertar na mosca é gigante.
Isso porque eu nnao falei nos detalhes todos do filme, nos fumantes, nos dourados, nas roupas da menina e de seus pais, no titubeio, na certeza, nas discussões, no ridículo da dança, no exagero de uns personagens e nas sutilezas de outros.
The Souvenir Part II é um buraco negro que nos suga para dentro do universo mais profundo e particular de uma diretora, ou melhor, de uma artista que pra nossa sorte, ainda tem muito o que nos mostrar.
P.S.: o filme é tão incrível que eu nem precisei dizer que tem outra Deusa dourada no elenco, Tilda Swinton. Entendeu?
NOTA: