24 horas atrás eu fui assistir Eduardo e Mônica no cinema e só digo uma coisa: nunca chorei tanto vendo um filme.
Teve um momento, lá pelo meio do filme, que eu considerei seriamente ir embora da sala porque eu não parava de soluçar.
Sério, com 10 minutos de filme eu já estava chorando copiosamente.
E sabe por que eu chorei?
Porque Eduardo e Mônica é a história da minha adolescência, da minha juventude, apesar de eu não ter nada a ver com a música, ou com Brasília e nem de ter tido uma Mônica na minha vida. Nem um Eduardo.
Assim eu achava.
Tudo, absolutamente tudo o que acontece no filme, aconteceu de uma forma ou de outra comigo lá nos idos dos anos 1980: a primeira paixão, o primeiro amor, o rock inglês, Bowie, Bauhaus, o Rimbaud que fugiu de tudo depois de levar um tiro, o Van Gogh que cortou a orelha, o Bandeira que me tirava o chão e muitas, muitas festas de rock, alguma bebida, quase nada de drogas e menos ainda de sexo.
Mas quando tinha um pouco mais de tudo, era muito legal.
Todo mundo já ouviu Eduardo e Mônica, o clássico do Legião Urbana, a clássica história dos amigos do Renato Russo, pelo menos 1 milhão de vezes.
Lembro que num show deles no estádio do Palmeiras, quando finalmente tocou essa música eu entendi o que era um povo doido de amor por uma banda.
René Sampaio, o diretor do filme, por quem eu já tinha babado em Faroeste Caboclo, ganhou um fã incondicional com seu novo filme.
Nada sobra na história do boyzinho que tentava impressionar a malucona mais velha. E nada falta.
O roteiro do filme é uma das melhores coisas que eu já vi na atual dramaturgia brasileira.
E Alice Braga e Gabriel Leone são o melhor casal improvável que a gente não esperava que funcionasse nas telas.
E a trilha?
E? A? Trilha?
Além de Legião tem Tim Maia, Caetano, Soft Cell, The Clash, B-52’s e a cafona e linda Total Eclipse of the Heart, que representa o filme.
Eduardo e Mônica é cafona como a música, contando uma história de amor clássico de forma brilhante, como a música e que alcança outros níveis de percepção, como já alcançou anos atrás o hoje clássico dos karaokês, na voz da Bonnie Tyler.
A fotografia do filme é linda, impressionante mesmo, assim como a direção de arte e a atenção aos detalhes de época.
O filme é uma das maiores histórias de amor já contadas no cinema brasileiro, aquela típica de idas e vindas, de opostos que se atraem, de descobertas, para o bem e para o mal, de desesperos.
Fazer um filme sobre uma história que parece ser de “domínio público”, quanto é a paixão da Mônica e do Eduardo, é para poucos.
Eduardo e Mônica é o filme pop que o cinema brasileiro precisava realizar há tempos: muito bem realizado, que sai do óbvio total, mas que fala com todos os públicos, não só os “véio” cinquentões como eu mas também com a molecada (que estava no cinema ontem). E esse cinema pop não é o das comédias estúpidas “com mensagem”, é o cinema bem filmado, com roteiro bem escrito, com direção que sabe o que faz e com um cuidado de conteúdo incrível, já que este filme poderia passar em qualquer mostra gringa de filme de amor, que não deixa nada a dever a comédias românticas de Hollywood.
Manda mais que tá pouco e que eu acho que posso chorar mais, René Sampaio.
NOTA: 1/2