Se você, como eu, gosta do mundo da culinária, adora assistir programas de comida e filmes sobre esse mundo, Boiling Point vai te deixar feliz.
O ponto de ebulição do título diz muito sobre esse filme inglês que se passa em tempo real, sem cortes, em um plano sequência lindo, dentro do restaurante da moda de Londres, em uma noite bem movimentada.
O filme começa com o chef estrela (Stephen Graham) se desculpando pelo celular com a ex-esposa por ter perdido um compromisso com o filho.
Mesmo assim ele chega atrasado ao seu restaurante e tem que encarar o funcionário da saúde pública que já começa dando um esculacho nele.
A partir daí a tensão aumenta para que tudo saia certinho já que eles estão lotados e ainda por cima um super chef estrelado marcou de jantar lá para experimentar o menu, ninguém menos que o ex patrão do chef estrela.
Como o filme não para, não tem close, não tem respiro, é uma câmera acompanhando tudo o que acontece em tempo real, na cozinha, no bar, no salão, nos fundos do restaurante, a gente começa a ficar cansado com a tensão toda.
Pontos vários para o diretor Philip Barantini.
Boiling Point é o tipo de filme que se a Lady Gaga assistir ela vai dizer que sente o sabor da comida cenográfica de sua casa.
O interessante do roteiro é que apesar de focar sua viagem no calor do restaurante, são as tensões vividas pelas personagens que definem o clima todo.
E não só as tensões do momento real, da noite de trabalho no restaurante.
O que todas as personagens trazem de bagagem o diretor nos joga na cara, sem muita sutileza, o que super funciona como contraponto de como a equipe de cozinheiros prepara os pratos para serem servidos com o maior cuidado e delicadeza, como pede a alta gastronomia.
E um cinema de alto nível também.
Eu poderia comparar esse filme a Birdman, já que ambos usam o recurso do plano sequência, sem cortes, para contar suas histórias.
Mas tudo o que Iñarritu pesa a mão naquele filme, Barantini tira de letra como um maestro de uma orquestra muito bem ensaiada.
NOTA: