A primeira cena de Pleasure se passa no aeroporto quando Bella, a personagem principal, está entrando nos EUA e o oficial da imigração pergunta se a visita dela ao país é para negócios ou prazer, ao que ela responde “Pleasure”, prazer.
Pleasure não é um puta filme, que revoluciona o cinema e tal.
Mas é um puta filme, talvez o mais ousado, sobre a indústria do cinema adulto, o cinema pornô.
Fora os documentários, sempre condescendentes, sobre astros e estrelas da indústria bilionária do cinema pornô americano ou de filmes de horror que se passam na área, não me lembro de nenhum outro filme bom demais sobre o tema.
O filme da diretora sueca Nynja Thyberg conta a história de Bella Cherry, uma garota que acabou de chegar nos EUA direto da Suécia com o sonho de ser uma estrela pornô.
E claro, ser milionário, reconhecida na rua e tudo mais.
Mas logo de cara ela descobre que não é assim tão fácil que as coisas acontecem e ela acha que se ela respirar fundo e entrar nos “esquemas”, ela pode adiantar o caminho, ou melhor, a caminhada.
Bela percebe que esse adianto vai muito contra seus princípios, os sexuais e alguns éticos e que de novo, nada é tão fácil.
Sofia Kappel, que faz o papel de Bella, dá um showzinho no filme.
Eu juro que por muito tempo acreditei que ela fosse mesmo uma atriz pornô, de tão comprometida que ela se mostra ao papel.
O caminho de Bella Cherry não é fácil, não é simples e acaba sendo o esperado, nada que me choque muito em relação ao mercado pornô, ao papel da mulher como atriz, abusada, quase menosprezada mesmo.
O legal do filme é vermos a construção da personagem e das situações, que vão contra quase todos os fatores óbvios de construções cinematográficas.
A diretora Nynja nos manipula de tantas maneiras inteligentes durante seu filme que quando a gente acha que descobriu o caminho que ela está trilhando, ela muda a direção na nossa cara, sem vergonha e sem medo.
Os abusos, as sacanagens, os absurdos, os homens escrotos, as mulheres sofrendo, tudo mostrado em close up.
Fazia tempo que eu não via tanto pinto duro em um filme.
E fazia tempo que eu não me incomodava tanto com cenas de abuso, isso porque foram criadas por uma diretora mulher, o que deixa tudo mais crível ainda.
Como disse, Pleasure não é uma obra prima, mas é um belo filme, uma lição de ousadia e construções inesperadas.
A viagem de Bella por prazer é também por negócios, que em seu caso, estão diretamente conectados, para nossa sorte.
NOTA: