Mordi minha língua.
Acho Denzel Washington, o grande atorzão de Hollywood tanto ama, o mesmo em todo filme.
Ele fala igual, se move igual, tem os mesmos trejeitos, mas manda ver bem os textos, claro.
Mas pra mim, se alguém separar cenas em close de filmes distintos dele eu não vou adivinhar de onde vieram as cenas.
Tipo a Fernanda Montenegro, que tem aquele “tique” de dar pausas no meio das frases que me irrita muito.
Mas ninguém tira o mérito dela de ser incrível, só acho que com o tempo ela achou uma personagem dentro dela mesma que acontece em suas personagens.
Assim é o Denzel. E isso me irritava sempre.
Até que ele é super bem dirigido por um Joel Coen, um dos maiores diretores de Hollywood, um cara que faz o que quer, como quer.
E ele não só colocou sua esposa e co-produtora Frances McDormand como Lady Macbeth, a fdp, como fez Denzel trabalhar (e eu tenho certeza que refazer e refazer a cenas) para chegar no meu tirano preferido de Shakespeare, o usurpador cruel e sem coração.
Para melhorar, Coen teve uma ideia brilhante de fazer com que as 3 bruxas, a cereja do bolo da peça de Shakespeare, as responsáveis por fazerem que o nobre escocês Macbeth acreditasse que ele deveria ser o próximo rei, fossem vividas por uma só atriz, a ótima Kathryn Hunter, que me deixou de queixo caído.
O problema pra mim neste filmaço, que me tirava a atenção o tempo todo, foi a direção de arte.
A ideia minimalista, brutalista, com referências ótimas de Escher, não casavam a meu ver com o que eu estava assistindo com o elenco.
A fotografia de Bruno Delbonnel é deslumbrante, toda em um claro/escuro radical, que vai da sombra mais profunda à luz retumbante em um passo, filmado em 4:3, quase quadrado, como era anos atrás, diferente da tela esticada, bem retangular que estamos acostumados nos dias de hoje.
Tudo para criar um universo todo particular em The Tragedy of Macbeth, um filme incrível, de uma história épica, gigantesca, toda contada em estúdio, como se fosse um filme expressionista alemão feito em pleno século XXI.
NOTA: 1/2