Se tem alguém que pode arrancar o Oscar de melhor ator em 2022 das mãos de Joaquin Phoenix, esse alguém é o ex modelo, ex vj da MTV, comediante de filmes porcarias, Simon Rex.
Eu nunca imaginaria que escreveria uma frase dessas mas olha, culpa do Sean Baker, que a gente tanto ama.
Sim, aquele Sean Baker de Tangerine e Projeto Flórida que, de novo, a gente ama tanto.
Simon Rex é Miley Saber, um ator pornô que chega em sua cidadezinha tosca natal no meio do nada do Texas, na casa de sua ex (ou não) esposa para se recuperar de uma surra que levou.
E pra tentar levantar um pouco de dinheiro para voltar a Los Angeles e tentar trabalhar de novo.
Sean Baker nos leva em uma epopéia tragicômica, mais trágica que cômica em dias na vida desse cafetão (que é como eles chamam michê por lá), pelo lado mais obscuro, claro, de uma história que não tem como dar certo.
Até que parece que vai dar, principalmente depois dele ficar encantado com Strawberry (a ótima Suzanna Son), uma garota que vai fazer 17 anos em 3 semanas e se apaixona de cara pelo bonitão sarado de olhos verdes que diz exatamente o que ela quer ouvir e melhor, tem a melhor maconha da redondeza, já que a maneira de Mikey levantar o dinheiro rápido é virar um traficantezinho de periferia.
Sean Baker mais uma vez se movimenta com maestria pelas periferias não só das cidades, mas da sociedade em geral, depois de falar de travestis e seus namorados, de crianças largadas por seus parentes em hotéis de beira de estrada às margens dos parques da Disney.
Em Red Rocket a gente entra em uma nova versão do multiverso de um dos diretores mais inventivos do indie americano de todos os tempos.
Baker não nos poupa de nada, nem dos palavrões, nem dos xingamentos, nem da paixão, nem das drogas e nem do sexo.
Red Rocket, como não poderia ser diferente, tem muito sexo. Mas sexo com estrela pornô é sempre a partir de uma pílula azul, não nos esqueçamos, já que Mike, o anti herói que a gente precisava neste ano desesperado, faz questão de deixar claro.
Como faz questão de deixar claro todos os seus feitos na indústria do entretenimento adulto, de seus prêmios como melhor ator, ou de prêmios em cenas de felação, por exemplo, quando ele explica que ele que comanda a boca da mulher em seu, bem, membro, num dos diálogos mais surreais de um filme cheio de diálogos e conclusões surreais, como deve ser um drama sobre uma realidade que para muitos de nós, para quase todo mundo, soa sempre como um mundo que deve existir num universo paralelo.
NOTA: 1/2