Assisti A Crônica Francesa já preparado pra achar um saco.
Acho o Wes Anderson um saco: um grande diretor de atores, ótimo diretor de arte, mas daqueles que filmam através de planilhas de excel.
Ele criou um universo todo particular com sua vasta cinematografia, tanto que se você vê um frame de qualquer de seus filmes você já sabe na hora que é obra de Anderson, seja pela fotografia, pela presteza do enquadramento, pelos personagens que parecem todos viverem na mesma rua da mesma cidade do mesma país do planeta Wes.
Isso tudo que na minha opinião é a prova maior de um grande cineasta, de um auteur, como falávamos antigamente, nele me cansa.
A formalidade estilística dele não me faz entrar de alma em seus filmes.
Fora Ilha dos Cães, que eu amo de paixão.
Bom, como vinha dizendo, vi A Crônica Francesa já preparado pra detonar aqui nesta resenha e para minha surpresa, amei o filme.
O filme poderia muito bem ter sido uma mini série de uma HBOMax da vida e ter vários spin offs, vários “filhotes”, que seria lindo.
A Crônica Francesa é uma revista jornalística de expatriados que moram na França e por lá contam suas histórias em sua nova “casa”, sempre com saudades de onde vieram.
Mas desta vez eu não sei porque cargas d’água me apaixonei por suas personagens bizarras de sempre, vividas por grandes estrelas que entram de cabeça, corpo e alma nesta crônica jornalística que acaba sendo uma grande homenagem a todo mundo que sabe contar histórias, repórteres, jornalistas, produtores, assistentes e o grande dono do jornal que banca as loucuras de suas estrelas sabendo que de lá sairão, se bobear, obras primas.
Wes Anderson continua filmando com sua planilha de excel.
Suas cenas, seus planos, suas sequências, são tão detalhadamente pensadas que dá até raiva de ver o que o cara e sua equipe extraordinária fazem com cenário, fotografia, direção de arte, elenco, ensaios em uma festa barroca de cinema como poucos fazem e fizeram.
A Crônica Francesa é um dos filmes que estão fazendo esse meu final de 2021 ser bem feliz e bem surpreendente e só espero que isso seja uma deixa pra mais filmes desse nível em 2022.
P.S.: próximas férias serão em Angoulême, a cidade onde Wes filmou essa lindeza.
NOTA: