Bruno Dumont é um dos diretores franceses em ação hoje em dia que eu mais admiro.
Seus filmes nunca são fáceis, nunca são óbvios e sempre me surpreendem, vamos dizer, por mal.
Quero dizer que por mais estranhos/sem graça sejam seus filmes, ao final eu sempre sinto um incômodo no estômago, nas entranhas mesmo.
O cara sabe cutucar aos poucos e depois de 2 horas a gente percebe que ele abriu uma ferida no nosso cérebro.
E eu amo.
Em seu novo filme, Dumont não muda muito.
France é uma jornalista super famosa na França, apresentadora de jornal em horário nobre e que adora cobrir guerras e eventos bem importantes como uma travessia de refugiados a caminho da Europa.
Mas a fama toda de Frances está levando a mulher a um lugar que ela não esperava chegar: sua intimidade vai por água abaixo.
Principalmente depois que ela atropela um homem e os fofoqueiros midiáticos de plantão se jogam em cima de sua vida.
E isso quer dizer se jogar pesado, deixando a ética de lado.
O que me incomodou um pouco nesse filme é que diferente das heroínas e heróis fortes e frios de seus filmes anteriores, France desaba em nossa frente.
Em princípio eu achei que os choros e o desespero da personagem fosse sempre encenaçnao por sua também falta de ética no trabalho.
Mas France sofre de verdade e essa vulnerabilidade me deixou meio de bode da personagem.
É até feio falar isso mas esses últimos tempos me deixaram com preguiça de personagens sensíveis demais que em sua sensibilidade exacerbada mostram muita fraqueza.
Diferente por exemplo de Janis de Mães Paralelas do Almodóvar, que é uma mulher que se perde em sua história e que por causa de suas escolhas duvidosas se torna muito vulnerável, mas não fraca, sempre lutando pelo que acredita.
Fiquei pensando também se todo o choro de France não fosse sintoma de depressão. Mas eu acho que se fosse, o filme teria tomado um rumo muito diferente do que tomou.
Apesar de tudo isso, France é um filme muito acima da média e muito por ter a grande Léa Seydoux como a jornalista chorona.
NOTA: 1/2