Filmão maior bacana sobre umas tretas do gênio, do divino Michelangelo, um dos maiores de todos os tempos.
O Pecado é uma co-produção russo-italiana, contando um monte de histórias em 2 horas de duração, sem passar pano pra nada nem ninguém, mostrando como Michelangelo provavelmente foi, um daqueles gênios que sabia um monte de tudo, que resolvia qualquer tipo de probleminha que aparecia em sua frente mas que ao mesmo tempo era atormentado pela perfeição, preocupado com o que seus rivais iam pensar dele e principalmente de sua obra.
A briga dele com o Vaticano para finalmente entregar a Capela Sistina é o exemplo do perfeccionista sem noção que ele foi.
Ou o quanto ele venerava Dante, ao ponto de saber a passagem de O Inferno de cor.
Ou o quanto ele confiava na família até que precisou deles e foi mal recebido.
Ou até o quanto seus acessos de fúria com seus discípulos poderiam ser motivados por nada e por tudo, mas sempre eram os mesmos, radicais, violentos e a cara de alguém deprimido e desgostoso de tudo.
Apesar de todos os pesares.
O grande, grandíssimo diretor russo Andrei Konchalovsky, quem eu amo desde sempre e que fico feliz em ver 2 filmes do cara no mesmo ano e o melhor, 2 filmes ótimos no mesmo ano, dá um show aqui, com cenas de encher os olhos e o coração de felicidade.
O melhor foi ele ter encontrado no ator Alberto Testone (que também foi Pasolini no cinema, olha a versatilidade do cara) o grande canal para nos mostrar um Michelangelo totalmente crível.
Parece que ele vive nos nossos dias, tão relevantes e verdadeiras suas dúvidas, seus problemas e suas perturbações.
Um deus italiano retratado por um cineasta russo em plena Itália mostra a ousadia de O Pecado. E como quebrar paradigmas e sair do óbvio vale a pena.
Outro detalhe importante é que Michelangelo é feio. Seu namorado é feio, o Papa é feio e pustulento, ninguém tem dentes brancos de anos 2020, tudo mundo é desgrenhado, o único casal lindo do filme está lá porque estava na história real mesmo.
O resto, é gente feia, fedida, suja, como era naquela época.
O cara se preocupava mais com a pedra gigante de mármore a que ele daria vida do que com detalhes da vida pessoal.
E Konchalovsky nos mostra tudo isso em close up, sem nos poupar de nada mas também sem nos deixar tão enjoadas.
Como Michelangelo achava que ele seria envenenado a qualquer momento, mais uma de suas paranóias, O Pecado nos contamina com o que o melhor do cinema nos dias de hoje pode nos entregar.
NOTA: