Se você estava como eu esperando ansioso por este filme identidade, a estreia na direção da ótima atriz Rebecca Hall, contando com todo o hype e a promoção e a babação, prepare-se que o tombo é proporcional à altura.
Identidade parece um filme do Woody Allen dos anos 90 naquela fase ruim que ele faz Desconstruindo Harry e Sombras e Neblina com a Jodie Foster.
Só que com uma estética modernosa, bem xófen.
Identidade é a história de 2 amigas negras na Nova York dos anos da década de 1920, quando (ao que mostra o filme) era comum mulheres negras se passarem por mulheres brancas.
As 2 que foram amigas na juventude, agora adultas vivem vidas bem diferentes.
Uma delas é casada com um homem negro, tem 2 filhos, continua morando no Harlem.
E em um dia que ela vai para o centro, fazer compras, disfarçando a sua origem sob um chapéu que cobre quase todo seu rosto, ela encontra essa amiga de longa data que vive uma vida de luxos por ser passar por branca.
Logo chega o marido da impostora que se mostra um racista de marca maior, personagem abjeto.
E a amiga “impostora” reencontra na amizade de infância suas raízes e passa a frequentar a vida da amiga casada e feliz.
O filme é todo formulaico, apesar de toda a estética errada, que está lá para tentar dar um sopro de vida a uma direção muito, mas muito primária.
Não tem fotografia preto e branco que compense os estereótipos todos, as caricaturas e o jeito que as 2 mulheres se esforçam para serem o mais diferentes de uma a outra possível.
As 2 amigas são vividas por 2 atrizes maravilhosas, Ruth Negga, minha preferida que se passa por branca e Tessa Thompson, que sempre entra em roubadas cinematográficas por personagens que prometem em filmes que não entregam.
Existe um clima lésbico entre as duas que não se desenvolve como poderia e acaba sendo mais um desespero e manipulação de roteiro que qualquer outra coisa.
Uma das coisas bem boas do filme é sua trilha, que também parece trilha de filme do Woody Allen mas com uma pegada mais moderninha, que aqui funciona mas no resto do filme, como na fotografia, não.
E o que ajudou a me distrair o filme inteiro foi a edição de som, com um monte de locução em off, quando a gente ouve a voz de uma personagem mas não a vê falando, em cenas muito estranhas de pés andando, closes de mãos, que não querem dizer nada para o filme e mais parecem buracos que precisaram ser tapados depois do filme editado.
A conclusão que eu chego é que Rebecca Hall deveria investir mais na carreira de atriz e talvez estudar mais roteiro, já que ela também escreveu esse Identidade.
E se for dirigir de novo, estude, mas estude muito. E assista mais filmes também, porque o que faltou aqui foi referência fílmica e saber onde e como contar a história.
Mas no fim, parabéns pra Netflix em investir num projeto que poderia ser muito bom.
NOTA: