Finalmente assisti na #MostraSP #45Mostra o tão falado e tão queridinho Bergman Island, filme francês dirigido pela Mia Hansen-Løve e produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira.
Como tudo que o brasileiro faz, o filme é um dos mais esperados e mais falados desde antes de seu lançamento e principalmente depois que passou em Cannes esse ano.
Mas também como quase tudo que o produtor brasileiro faz, o filme é quase tudo o que promete.
Bem quase.
A ilha de Bergman do título é obviamente a ilha de Faro, lugar onde o sueco mestre do cinema viveu e morreu e onde um casal de cineastas vai para a semana Bergman.
Ele, um diretor famoso, vai apresentar seu novo filme, dar palestras e participar de mesas redondas sobre Ingmar.
Ela vai para tentar desenvolver seu novo filme, já que está cheia de ideias mas nenhuma forte o suficiente para ser transformada em roteiro.
Até aí o filme é ótimo, mostrando a relação de um casal do século XXI na ilha e nas casas do diretor que melhor traduziu para a película as relações humanas mais profundas, o amor, a morte, o desespero.
Em certo momento o casal que vinha fazendo tudo junto pela ilha, se separa.
Ele vai para um lado mais clássico, digamos assim, fazer os passeios turísticos pré programados, enquanto ela conhece um diretor sueco que a leva para os lugares dos filmes de Bergman que não estão nos guias.
E o roteiro do filme de Mia Hansen-Løve entra numa viagem tão cm voga no cinema francês atual de aparentemente misturar o real e a ficção.
O problema dessa nova “modinha” é que muitos tentam e poucos sucedem.
Olivier Assayas, diretor e marido de Mia, é um dos que costumam fazer isso em alguns de seus filmes.
E geralmente as coisas desandam.
Um diretor que flerta muito com essa perda de noção de realidade e ficção é o alemão Christian Petzold, um dos meus diretores da atualidade, como vocês devem lembrar quando falei de alguns dos filmes dele por aqui.
Em Bergman Island a coisa toda é tão matemática e fria que acaba fazendo com que a “graça” se perca, que a coisa do tal do limite da ficção seja um pouco forçado demais e o que acaba interessando mais seja o real mesmo, que a imaginação da tal diretora (vivida brilhantemente pela atriz de Luxemburgo Vicky Krieps) seja menos interessante do que o dia a dia que ela tem com seu marido (um Tim Roth, que eu tanto amo, como há muito não via).
Bergman Island é um drama ótimo, acima da média, mas que fica devendo um monte para o tanto que promete.
NOTA: